Sem prevenção, ONU prevê quase um milhão de mortes por tuberculose até 2035

Estratégia combinada de identificação de contatos domiciliares e fornecimento de tratamento preventivo poderia salvar 850 mil vidas

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

A Unitaid, iniciativa em saúde da ONU (Organização das Nações Unidas) para prevenir, diagnosticar e tratar as principais doenças em países de baixa e média renda, alertou na quarta-feira (19) que a falha na implementação do rastreamento e prevenção de contatos com tuberculose pode levar a quase um milhão de mortes até 2035.

A agência da ONU insistiu que a implementação de uma estratégia combinada de identificação de contatos domiciliares e fornecimento de tratamento preventivo da tuberculose é custo-efetiva.

A Unitaid disse que poderia reduzir as mortes em 35% entre contatos domésticos de pacientes e pessoas vivendo com HIV nos próximos 12 anos.

O estudo conjunto da Unitaid, da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, e do Instituto Aurum descobriu que essa estratégia poderia salvar 850 mil vidas até 2035, a maioria das quais crianças, dada a atual baixa taxa de identificação de menores de 15 anos.

De acordo com a pesquisa, a falha na implementação dessa intervenção combinada resultaria em quase um milhão de mortes até 2035.

As descobertas estão de acordo com a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que o tratamento preventivo da tuberculose deve ser fornecido àqueles com maior risco de infecção.

Isso inclui pessoas vivendo com HIV e contatos domiciliares de pessoas com tuberculose, que representam uma porcentagem significativa das 10,6 milhões de novas infecções a cada ano – todas evitáveis ​​e curáveis.

Imagem mostra pulmão atingido pela bactéria que causa a tuberculose (Foto: NIAID/Flickr)
‘Escorregando pelas fendas’

“No momento, muitos familiares de pessoas diagnosticadas com tuberculose estão escorregando pelos vãos, com muitas vidas sendo perdidas”, disse Tess Ryckman, membro do corpo docente da Johns Hopkins.

A tuberculose continua sendo a doença infecciosa mais mortal do mundo, apesar de ser evitável e curável. Segundo a OMS, cerca de um quarto da população mundial está infectada com tuberculose e corre o risco de desenvolver a doença ativa, que causa doenças graves.

“O imperativo para a prevenção da tuberculose é claro”, disse Vincent Bretin, diretor de resultados da Unitaid. “Esta análise de custo-efetividade prova que alcançar preventivamente todos os indivíduos em risco, mesmo quando requer os obstáculos logísticos de ir às comunidades para encontrar aqueles que podem não estar procurando ativamente por atendimento, não é apenas eticamente correto. É um investimento inteligente capaz de causar um enorme impacto na luta pelo fim da tuberculose no mundo.”

Preços baixos

Após uma  série de negociações lideradas pela Unitaid e outros, os preços do tratamento caíram mais de 70% desde 2017, tornando a doença mais evitável e curável.

Além de se tornarem mais acessíveis, novos regimes de tratamento mais curtos significam que as infecções podem ser eliminadas antes que se transformem uma doença ativa, de acordo com a Unitaid.

O estudo constatou que, o fornecimento de 3HP, um curso de tratamento de 12 semanas, pode resultar em uma redução estimada de 13% no número de contatos que desenvolvem tuberculose. 

Enquanto os líderes mundiais se preparam para a segunda reunião de alto nível da ONU sobre tuberculose em setembro, a Unitaid pediu mais compromisso inicial e mais apoio financeiro para “colher urgentemente os enormes frutos da prevenção da doença e da morte por tuberculose.”

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