Um vídeo enviado à emissora inglesa BBC revela como o cotidiano de campos de detenção de uigures e outras minorias na China. Ele foi feito por Merdan Ghappar, modelo de descendência uigur detido na província de Xinjiang, no oeste do país, desde o início do ano.
No víde, que veio a público na terça (4), o homem de 31 anos aparece sentado em uma cama e tem seu braço preso por algemas. O quarto é pequeno, com uma cama. As paredes, como suas roupas, estão sujas.
Por meio de mensagens trocadas com sua família, ele denunciou a falta de prevenção ao coronavírus, a violência e documentos que orientavam os oficiais chineses a forçar crianças de até 13 anos a se “se arrependerem e se renderem”.
O governo chinês afirma já ter solicitado o fechamento desses campos, originalmente “escolas voluntárias de treinamento anti-extremismo”.
Além de ainda estarem funcionando, a BBC denunciou que milhares de crianças estão no local. Mulheres teriam sido submetidas a métodos de controle de natalidade à força, como laqueaduras.
De acordo com a emissora, estimativas sugerem que mais de um milhão de uigures e outras minorias foram encaminhadas a campos em Xinjiang. Consultados, o Ministério do Exterior da China e autoridades locais não responderam aos questionamentos da imprensa.
Os uigures
A comunidade uigur é de maior islâmica e habita a região autônoma de Xinjiang, no noroeste da China. A província faz fronteira com os países da Ásia Central, com quem divide raízes étnicas e o idioma com raízes túrquicas.
A população é vista pela maioria han, que responde por 92% dos chineses, com desconfiança. Os uigures enfrentam discrimação da sociedade em geral e do próprio governo em Beijing.