Exilados da minoria uigur pediram nesta segunda (6) ao Tribunal Penal Internacional uma investigação contra a China por genocídio e crimes contra a humanidade. A informação é do jornal norte-americano The New York Times.
Essa é a primeira tentativa de responsabilizar o Partido Comunista chinês pela dura repressão contra a minoria muçulmana. Os uigures vivem sobretudo na região autônoma chinesa de Xinjiang, oeste do país, na fronteira com Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Paquistão e Afeganistão.
Advogados representando dois grupos ativistas da minoria apresentaram uma queixa contra Beijing. O objetivo é buscar a repatriação de milhares de uigures por meio de prisões ilegais ou deportação para o Camboja e Tajiquistão.
![Exilados uigures pedem investigação contra a China por genocídio](https://areferencia.com/wp-content/uploads/2020/07/uigur-china.jpg)
Nos últimos anos, as políticas do presidente Xi Jinping colocaram o povo muçulmano da região sob uma rede de vigilância. Cerca de um milhão de uigures estariam sendo mantidos em campos de internação.
A China acusa os uigures de fazerem uma campanha violenta pela independência. Já os representantes da minoria reportam discriminação pela maioria étnica han e repressão pelo Estado.
Como Beijing não reconhece a jurisdição do tribunal, os advogados concentraram as reivindicações em atos ilegais da China no Camboja e Tajiquistão, países-membros da corte internacional.
O mesmo dispositivo foi usado em 2018, em um caso sobre os crimes contra a minoria rohingya em Mianmar, país que também não assinou o tratado.
Controle de natalidade
Os chineses são acusados ainda de impor medidas de controle de natalidade entre a população uigur e outras minorias. Mulheres uigures estão sendo submetidas de maneira forçada à esterilização.
Dispositivos intrauterinos, esterilização e até aborto são cada vez mais comuns, embora o emprego desses métodos tenha diminuído no restante do país.
Nas regiões majoritariamente uigures de Hotan e Kashgar, a taxa de natalidade caiu mais de 60% entre 2015 e 2018. Em 2019, a queda foi de 24% em Xinjiang, ante 4,2% no restante do país.
O governo chinês nega repressão e afirma tratar todas as etnias da China de forma igual, protegendo direitos legais das minorias. As autoridades dizem ainda que as medidas de controle permitem apenas às minorias étnicas e chineses han terem o mesmo número de crianças.