Al-Qaeda ganha terreno na Síria em meio a confrontos que mataram 58 pessoas em dez dias

Grupo extremista Hayat Tahrir Al-Sham tem obtido avanços em meio à tensão, o que gerou manifestação de preocupação dos EUA

Uma série de confrontos entre grupos rebeldes rivais deixou 58 pessoas mortas ao longo de dez dias no norte da Síria. A informação foi divulgada pelo Observatório Sírio dos Direitos Humanos, grupo britânico de monitoramento que conta com informantes no país árabe, e reproduzida pelo site The Defense Post.

As facções envolvidas na onde de violência fazem oposição ao presidente Bashar al-Assad e marcam presença no norte e noroeste do país, onde as forças do governo não conseguem se impor. Entre elas destaca-se o Hayat Tahrir Al-Sham (HTS), organização extremista associada à Al-Qaeda e listada pelo governo norte-americano como terrorista.

Resto-de-arma-após-ataque-em-Homs-na-Síria-Foto-UN-Photo
Resto de arma após ataque em Homs, na Síria (Foto: UN Photo)

O HTS é liderado por Abu Mohammed al-Golani, terrorista procurado pelo governo dos EUA e que tem buscado uma aproximação com o Ocidente, aproveitando o fato de que é inimigo do governo sírio, este apoiado por Rússia e Irã.

Por se tratar da facção mais organizada e poderosa entre as envolvidas nos recentes confrontos, o grupo ganhou terreno e tem avançado rumo ao importante distrito de Azaz, o que gerou uma manifestação de preocupação de Washington.

“Estamos alarmados com a recente incursão da HTS, uma organização terrorista designada, no norte de Aleppo. As forças HTS devem ser retiradas da área imediatamente”, disse a embaixada dos EUA.

De acordo com o Observatório, as conquistas obtidas pelo grupo sugerem apoio externo. “O Hayat Tahrir Al-Sham não teria entrado na área sem o consentimento da Turquia”, disse Rami Abdul Rahman, que chefia a entidade.

Por que isso importa?

A guerra civil na Síria, que já dura mais de 11 anos, opõe Rússia e Irã, aliados do presidente Bashar Al-Assad, à Turquia, que apoia os rebeldes do Exército Livre da Síria (ELS) na luta contra o governo. Mais de 600 mil pessoas já morreram durante a guerra, que varreu a nação e deslocou mais da metade da população, que era de 23 milhões de pessoas.

Desde 2011, a oposição e líderes ocidentais exigem a queda de Assad, a quem acusam de crimes contra a humanidade. Apoiadores de Assad, por outro lado, criticam o que consideram uma interferência de Washington com o intuito de derrubar o presidente.

Após sofrer duras perdas no início do conflito, Assad conseguiu reconquistar território graças à ajuda de seus aliados. A última região com forte presença da oposição armada inclui áreas da província de Idlib e partes das províncias vizinhas de Aleppo, Hama e Latakia.

Em 2020 foi estabelecida uma trégua intermediada por Rússia e Turquia. Ela inclui os rebeldes e as forças do governo, enquanto grupos extremistas como o Estado Islâmico (EI) não fazem parte do pacto.

Apesar da trégua, ataques esporádicos continuam a ocorrer, inclusive com operações militares aéreas lideradas por Moscou. Nesse período, Ancara conseguiu consolidar sua influência no norte da Síria, o que ajudou a evitar uma nova etapa de combates e controlou o fluxo de refugiados.

Tags: