Aliada estratégica dos EUA, mas em constante atrito com Israel, a Turquia deu início à construção de seu primeiro porta-aviões nacional. O navio, batizado de Mugem, está sendo desenvolvido em Istambul e deve se tornar o maior da história do país. O projeto é tratado como prioridade pelo governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, que busca consolidar a autonomia da indústria de defesa. As informações são da revista Newsweek.
O Mugem terá 285 metros de comprimento e 72 de largura, com peso estimado em 60 mil toneladas. Segundo descrição publicada no site da Direção de Comunicações da Presidência da Turquia, o navio poderá transportar até 50 aeronaves e contará com duas pistas de decolagem e uma de pouso. Ele será equipado com o sistema Stobar, que permite operação em pistas curtas com rampas para decolagem.

De acordo com o capitão Hakan Uçar, diretor do Escritório de Projetos da Marinha turca, o foco está na integração de aeronaves desenvolvidas no próprio país, como drones de combate e jatos leves. A medida acompanha o plano de Erdogan de diminuir a dependência de importações militares, especialmente em áreas críticas como sistemas de propulsão e tecnologia aeronáutica.
Em janeiro de 2025, a Direção de Comunicações afirmou que o porta-aviões é um marco militar. “Com este projeto, o objetivo da Turquia de alcançar independência marítima e superioridade regional está claramente visível. No entanto, enquanto persistir a dependência externa em áreas críticas como sistemas de energia e tecnologia de aeronaves, será necessário mais tempo e investimento para atingir esses objetivos”.
Atualmente, o maior navio da Marinha turca é o TCG Anadolu, uma embarcação de assalto anfíbio com capacidade reduzida em relação a um porta-aviões tradicional. Com o Mugem, o país quer consolidar sua presença no Mediterrâneo e fortalecer seu papel dentro da Otan, à qual pertence desde 1952.
A movimentação também ocorre em meio à intensificação da rivalidade com Israel, especialmente na Síria, onde a Turquia mantém bases no norte e apoia grupos de oposição. “Não vamos parar nem retroceder em nosso caminho até alcançarmos o objetivo de uma Turquia totalmente independente na indústria de defesa”, disse Erdogan no ano passado.