Ataque em Rafah ‘pode causar massacre’, alerta a agência humanitária da ONU

Escritório de Assuntos Humanitários sugere alto número de mortes na cidade do sul da Faixa de Gaza se houver uma operação militar israelense

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

Uma operação militar israelense em Rafah, cidade do sul da Faixa de Gaza que abriga muitos refugiados, “poderia causar um massacre” e prejudicar o trabalho humanitário no enclave. O alerta foi feito pelo Escritório de Assuntos Humanitários da ONU (Ocha) na sexta-feira (3).

O porta-voz do Ocha, Jens Laerke, afirmou em coletiva de imprensa na sede da ONU em Genebra que “qualquer operação terrestre significaria mais sofrimento e morte” para os 1,2 milhão de palestinos deslocados que se abrigam no local.

Planos de emergência

Preocupada com uma incursão militar em grande escala, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que foram feitos planos de contingência, mas eles não serão suficientes para evitar o agravamento da situação humanitária em Gaza.

O representante da OMS no Território Palestino Ocupado, Rik Peeperkorn, afimou que o plano funciona como um “curativo” e não evitará a “mortalidade e a morbidade adicionais substanciais causados por uma operação militar”. 

Passagem da fronteira de Rafah, entre Gaza e o Egito (Foto: WikiCommons)

Falando de Jerusalém, o médico da OMS alertou que uma operação militar provocaria uma nova onda de deslocamento, mais superlotação, menos acesso a alimentos essenciais, água e saneamento e mais surtos de doenças.

Acesso humanitário

Ele ainda observou que a piora na situação de segurança também poderia impedir seriamente o movimento de alimentos, água e suprimentos médicos para Gaza e através dos pontos de fronteira.

Apesar de “uma ligeira melhora” na disponibilidade e na diversidade de alimentos em Gaza nas últimas semanas, Peeperkorn negou qualquer sugestão de que a ameaça iminente de desnutrição aguda tenha diminuído para os mais vulneráveis do enclave.

Ele explicou que os efeitos serão vistos nos próximos anos, observando que 30 crianças já morreram devido a doenças ligadas à desnutrição.

Situação dos hospitais

Depois de quase sete meses de bombardeios israelenses, provocados pelos ataques terroristas liderados pelo Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro, apenas 12 dos 36 hospitais de Gaza e 22 das 88 instalações de saúde primária do enclave estão “parcialmente funcionais”.

A agência da ONU revelou que entre eles está o Hospital Najjar, em Rafah, que oferece tratamento de diálise a centenas de pessoas. 

O líder da equipe da OMS em Gaza, Ahmed Dahir, afirmou que o sistema de saúde “mal está sobrevivendo”, assim, se houver alguma operação, a população e os pacientes não poderão acessar esses hospitais, o que pode causar uma “catástrofe”.

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