Ataque suicida do EI-K mata dezenas de pessoas em mesquita do Afeganistão

Bomba explodiu dentro de mesquita em Kunduz, e oficiais de saúde que atuaram na ajuda às vítimas dizem que número de mortos pode chegar a 80

Dezenas de pessoas morreram num ataque suicida a bomba contra uma mesquita na província de Kunduz, no nordeste do Afeganistão, nesta sexta-feira (8). É o terceiro ataque semelhante ocorrido contra instituições religiosas do país nesta semana, de acordo com a agência Reuters.

O Estado Islâmico-Khorasan, grupo jihadista que faz oposição ao Taleban, assumiu a autoria do ataque. A organização já havia realizado um atentado igualmente violento na região do aeroporto de Cabul, durante o processo de retirada das tropas dos Estados Unidos e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Na ocasião, 182 pessoas morreram.

No ataque desta sexta, a informação inicial da agência estatal afegã Bakhtar era de que 46 pessoas morreram e 143 ficaram feriadas. Posteriormente, dois oficiais de saúde entrevistados pela Reuters informaram que o número de vítimas fatais era bem maior, entre 70 e 80. A mesquita é frequentada pela minoria xiita, alvo habitual dos ataques do grupo sunita EI-K.

Um vídeo da agência afegã publicado no Twitter mostra a destruição na mesquita logo após o atentado.

Por que isso importa?

No Afeganistão, o EI-K tende a ser o principal opositor doméstico do Taleban. O grupo trata os talibãs como apóstatas, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática. Isso tornaria válido o assassinatos de combatentes do Taleban, conforme a interpretação das leis islâmicas.

Militarmente, porém, a vantagem no Afeganistão é do Taleban, que fortaleceu seu arsenal durante e após a retirada de tropas estrangeiras do país e tende a agregar novos recrutas agora que governa o país. São cidadãos afegãos e mesmo estrangeiros que buscam proteção e meios para sobreviver.

O que distancia os dois grupos é a base ideológica. O Taleban é adepto de uma interpretação do Islã que defende a subserviência da mulher, proíbe muitas tecnologias e o entretenimento, aceitando apenas o conhecimento inspirado por Deus. Já o EI-K prega ideologia ultraconservadora do Islamismo sunita, apoiando a Sharia (lei islâmica) e castigos corporais. Acredita que o mundo deveria seguir os preceitos históricos do Islamismo.

Mesquita atingida no ataque suicida a bomba em Kunduz, no Afeganistão (Foto: reprodução/Twitter)

No Brasil

Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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