‘Capítulo crucial’ foi concluído, mas trabalho ainda não acabou em petroleiro encalhado

FSO Safer está apodrecendo na costa do Iêmen e corria o risco de causar um enorme derramamento de petróleo no Mar Vermelho

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

A equipe de especialistas que estabilizou e transferiu com segurança mais de um milhão de barris de petróleo bruto de um superpetroleiro em decomposição ao largo da costa do Iêmen, deixou o local na segunda-feira (28), marcando o fim de um capítulo crucial na operação liderada pela ONU (Organização das Nações Unidas) para evitar um desastroso derramamento no Mar Vermelho.

O esforço meticuloso a bordo do enferrujado armazenar com segurança a carg teve meses de preparação e quase 13 semanas de execução pela equipe de salvamento contratada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

“A ONU e o amplo grupo de parceiros que apoiam o projeto Safer conseguiram até agora evitar o pior cenário de um enorme derramamento de petróleo no Mar Vermelho, com óbvias repercussões ambientais, humanitárias e econômicas potencialmente catastróficas”, disse o porta-voz da ONU Stéphane Dujarric, em uma coletiva de imprensa em Nova York.

O petroleiro FSO Safer, encalhado na costa do Iêmen (Foto: undp.org)
O trabalho crítico permanece

O petróleo foi transferido para o navio substituto Yemen, anteriormente conhecido como Nautica, que partiu para um ponto de ancoragem enquanto aguarda a instalação de equipamento especializado para armazenar com segurança a carga.

“No entanto, permanece um trabalho crítico”, continuou Dujarric, observando que uma boia especializada ainda não foi entregue e instalada para atracar os dois navios e assim garantir o armazenamento seguro do petróleo. Também faltam o reboque e reciclagem do antigo petroleiro.

Para concluir o projeto, ainda serão necessários US$ 22 milhões. Os Estados-Membros, o setor privado e o público global já forneceram US$ 121 milhões em financiamento.  

“Contamos com mais apoio generoso para concluir esta missão crítica”, insistiu Dujarric.

Pior cenário evitado

Um derrame do FSO Safer teria devastado as comunidades de pesca na costa do Mar Vermelho do Iêmen, exposto milhares de comunidades a toxinas potencialmente fatais e causado danos irreversíveis à vida marinha, aos recifes de coral e aos mangues.

E teria fechado os portos de Hudaydah e Saleef, que transportam alimentos, combustível e suprimentos vitais para um país onde 17 milhões de pessoas dependem da assistência internacional para sobreviver.

O turismo também teria sofrido muito, e o transporte vital através do Estreito de Bab al-Mandab até ao Canal de Suez poderia ter sido interrompido, custando milhares de milhões de dólares por dia.  

Só o custo potencial da limpeza foi estimado em US$ 20 mil milhões.

Devastado pela guerra

Construído em 1976 como um superpetroleiro e convertido uma década depois para ser uma instalação flutuante de armazenamento e descarga (FSO) de petróleo, o Safer está atracado a cerca de 4,8 milhas náuticas da costa da província de Hudaydah, no Iêmen.

A integridade estrutural do navio deteriorou-se significativamente devido à falta de reparação e manutenção após a eclosão da guerra no país em 2015, colocando o navio em risco de se desintegrar.

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