Rússia envia petróleo à Coreia do Norte acima do limite permitido pela ONU

Negociações fazem parte do acordo para Pyongyang enviar armas a Moscou e desrespeita sanções impostas à nação comunista

Como parte do acordo firmado entre os líderes Vladimir Putin e Kim Jong-un para a Coreia do Norte fornecer armas à Rússia no contexto da guerra da Ucrânia, Pyongyang tem recebido do parceiro uma quantidade de petróleo superior aos limites impostos pela ONU (Organização das Nações Unidas) em suas sanções. As informações são da agência Reuters.

A venda de petróleo à Coreia do Norte é controlada desde 2017, quando a ONU impôs sanções ao país asiático em resposta a seu programa de armas nucleares. Desde o início de março, entretanto, a Rússia vem desrespeitando tais normas, com carregamentos frequentes do combustível refinado partindo de portos russos em navios norte-coreanos.

Kim e Putin durante um encontro no Kremlin em 2019 (Foto: WikiCommons)

Após uma reunião na ONU entre especialistas que monitoram as sanções impostas ao regime norte-coreano, o governo dos EUA afirmou que os carregamentos de petróleo da Rússia para a nação asiática são superiores ao limite estabelecido pelas sanções, que é de 500 mil barris do produto refinado por ano.

Moscou, por sinal, agiu recentemente para beneficiar o aliado, vetando a renovação do mandato do painel de monitoramento.

“A Rússia tem enviado petróleo refinado do Porto Vostochny para a RPDC (República Popular Democrática da Coreia, nome oficial do país)”, disse o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby.

As entregas de petróleo já haviam sido reveladas pelo jornal Financial Times e pelo think tank britânico Royal United Services Institute (RUSI), que usaram imagens de satélite para constatar a presença de cinco petroleiros norte-coreanos em portos no extremo leste russo a partir do dia 7 de março. Agora, os EUA confirmam que a quantidade desrespeita as sanções.

Diante de tal cenário, Washington se prepara para impor novas sanções, mesmo observando que as atuais têm sido devidamente dribladas pelos dois países.

“Já trabalhámos anteriormente para coordenar as designações de sanções autônomas com os nossos parceiros, incluindo a Austrália, a União Europeia (UE), o Japão, a Nova Zelândia, a República da Coreia (Coreia do Sul) e o Reino Unido, e continuaremos a fazê-lo”, disse o porta-voz.

Armas norte-coreanas na Rússia

Do outro lado da balança, Pyongyang também vem desrespeitando sanções ao entregar armas à Rússia. Uma investigação conduzida pela ONU fortaleceu tal suspeita ao revelar que os destroços de um míssil balístico que atingiu a cidade ucraniana de Kharkiv em 2 de janeiro deste ano pertencem a um modelo Hwasong-11 originário na Coreia do Norte.

Embora tenham confirmado a origem do míssil como sendo norte-coreana, os investigadores “não conseguiram identificar de forma independente de onde o míssil foi lançado, nem por quem”. Afirmam, entretanto, que “as informações sobre a trajetória fornecidas pelas autoridades ucranianas indicam que foi lançado de distância compatível com a do território da Federação Russa.”

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