Conflito entre Israel e Hamas chega ao Líbano e desloca quase 20 mil pessoas

Algumas pessoas deslocadas foram abrigadas por outras famílias, outras estão instaladas em escolas designadas pelo governo

Quase 20 mil pessoas foram forçadas a deixar suas casas no sul do Líbano devido ao aumento das hostilidades na fronteira com Israel, onde há relatos de confrontos entre o Hezbollah e as forças israelenses que mataram mais de 30 combatentes. As informações são da agência Reuters.

Os números de deslocados foram divulgados na segunda-feira (23) pela Organização Internacional para as Migrações (OIM). De acordo com a entidade, 19.646 deixaram o sul do Líbano em direção a outras regiões do país, sendo o principal destino a cidade costeira de Tiro, a 18 quilômetros da fronteira. A contagem começou em 8 de outubro, um dia após o ataque do Hamas que desencadeou o conflito.

São cada vez mais frequentes os confrontos entre Hezbollah e Israel, com relatos de mortes e mísseis disparados dos dois lados. Na semana passada, as Forças de Defesa de Israel (IDF, da sigla em inglês) e o Ministério da Defesa também anunciaram a evacuação de 28 comunidades ao longo da fronteira.

Combatentes do Hezbollah realizam exercício no sul do Líbano em maio de 2023 (Foto: WikiCommons)

Os moradores da região norte israelense, que compartilham dois quilômetros da fronteira com o Líbano, foram realocados para acomodações financiadas pelo Estado. A medida foi aprovada pelo ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, em resposta ao aumento dos choques transfronteiriços.

No Líbano, algumas pessoas deslocadas foram abrigadas por outras famílias, gerando uma manifestação de apreensão de Inaya Ezzeddine, importante parlamentar local. Segundo ela, a situação coloca pressão excessiva sobre os anfitriões. “Esta guerra acontece no meio de uma crise econômica muito grande, e as pessoas não têm provisões”, disse.

Ainda de acordo com a política, aproximadamente seis mil pessoas procuraram refúgio em Tiro, levando o governo a transformar três escolas em abrigos. “Não podemos abrir todas as escolas porque elas ainda estão funcionando. A cada escola que abrimos privamos os alunos de utilizá-la”, adicionou.

Devido à superlotação dos estabelecimentos de ensino destacados pelo governo, muitas pessoas cogitam voltar para suas casas mesmo sob risco. “Há pessoas que estão pensando em pendurar lençóis brancos em suas casas quando voltarem para lá”, disse a professora Yolla Ali al Swaid, que fugiu para Tiro depois de ter sido ferida em um bombardeio.

E o problema tende a aumentar, segundo Mohammed Ali Abunajela, porta-voz da OIM. “Esperamos que os números aumentem à medida que as tensões transfronteiriças continuam”, disse ele, de acordo com a agência Al Jazeera.

Além de deslocar os cidadãos, o conflito faz vítimas fatais. Fontes libanesas alegam que 17 combatentes do Hezbollah e 11 membros de grupos palestinos aliados foram mortos desde que as hostilidades com Israel tiveram início. Os israelenses, por sua vez, relatam sete de seus militares mortos.

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