Conflitos se intensificam na Síria após a queda de Bashar al-Assad

Confrontos entre forças do governo de transição e combatentes leais ao presidente deposto deixaram mais de 70 mortos

As forças de segurança do governo de transição da Síria travam intensos combates com combatentes leais ao ex-presidente Bashar al-Assad na região costeira do país. Este é o episódio mais violento desde que os rebeldes depuseram Assad, em dezembro, e estabeleceram uma nova administração islâmica. As informações são da rede BBC.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, grupo de monitoramento sediado no Reino Unido, mais de 70 pessoas foram mortas nos confrontos, incluindo militares do novo governo, ex-soldados do antigo regime e civis. O número exato de vítimas é incerto e não pôde ser verificado de forma independente.

Em resposta às violências, um toque de recolher foi imposto nas cidades de Latakia e Tartous, áreas que historicamente serviram como redutos da minoria alauíta e da família Assad. Em Latakia, combatentes emboscaram forças governamentais e atacaram postos de controle militares, enquanto em Jableh, grupos armados se refugiaram em áreas montanhosas para lançar ataques.

Vista aérea de Damasco, capital síria (Foto: WikiCommons)

Registros visuais divulgados online mostram a intensidade dos confrontos. A BBC Verify confirmou a autenticidade de vídeos que exibem homens armados disparando contra um prédio em Homs e provocando um incêndio no local. Outras gravações mostram um corpo sendo arrastado por um veículo em Latakia.

Uma testemunha sunita classificou o ataque como “planejado e premeditado” e denunciou disparos indiscriminados contra civis e paramédicos. Já um morador alauíta afirmou que a população está “apavorada” e teme represálias. “Todos temem se tornar bodes expiatórios”, disse à BBC.

A instabilidade também se estende para o sul do país, onde confrontos entre forças governamentais e grupos drusos foram registrados nos últimos dias. Enquanto isso, ativistas alauítaspontuam que sua comunidade tem sido alvo de ataques desde a derrubada de Assad, especialmente em áreas rurais de Homs e Latakia.

O coronel Hassan Abdul Ghani, porta-voz do Ministério da Defesa da Síria, emitiu um alerta aos apoiadores do ex-presidente: “Milhares escolheram depor suas armas e voltar para suas famílias, enquanto alguns insistem em fugir e morrer por assassinos e criminosos. A escolha é clara: rendam-se ou enfrentem seu destino inevitável”.

O presidente interino Ahmed al-Sharaa enfrenta desafios crescentes para consolidar o controle do governo em meio às crises de segurança. No início da semana, o ministro das Relações Exteriores do país declarou a um órgão internacional de vigilância de armas químicas que a nova administração está comprometida em destruir quaisquer estoques remanescentes do governo de Assad.

Embora o antigo regime tenha negado repetidamente o uso de armas químicas durante a guerra civil de 14 anos, ativistas o acusam de realizar dezenas de ataques com tais armamentos. O futuro do país segue incerto, enquanto a violência se espalha por diversas regiões.

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