Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News
Na quarta-feira (25), o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, alertou o Conselho de Segurança de que “o inferno está se instalando no Líbano” ao longo da linha de separação patrulhada pela entidade. Ele relatou trocas de tiros maiores em “alcance, profundidade e intensidade” do que antes.
Durante os discursos na Assembleia Geral, diversos representantes mundiais ressaltaram preocupação com a escalada da violência no Líbano. Também na quarta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que uma guerra “total” é possível entre o Hezbollah e Israel.
Pessoas abandonam suas casas a cada minuto
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) relatou pessoas fugindo dos ataques israelenses contra alvos do Hezbollah nas primeiras horas da manhã de quinta-feira (26). A ofensiva de Israel foi em resposta a ataques realizados pelo Hezbollah, que incluíram uma primeira tentativa de ataque com mísseis a Tel-Aviv.
Citando as autoridades libanesas, o Acnur afirmou que mais de 90 mil pessoas foram deslocadas desde 23 de setembro e “mais estão abandonando suas casas a cada minuto”.
Em uma mensagem de vídeo emitida na quinta-feira em Nova York, o chefe das Operações de Manutenção da Paz da ONU, Jean-Pierre Lacroix, disse estar “profundamente preocupado com a escalada acentuada ao longo da linha azul”.
Ele enfatizou que tanto a população libanesa quanto a israelense “estão em extremo perigo, com centenas de mortos e milhares de feridos somente nos últimos dias”. Lacroix alertou que “a segurança e a estabilidade regionais estão em risco”.
Milhares de famílias cruzando para a Síria
O representante do Acnur na Síria, Gonzalo Vargas Llosa, disse que “milhares de famílias de sírios e libaneses estão cruzando para a Síria”, incluindo mulheres e crianças.
O exército israelense anunciou ataques a mais de 70 alvos durante a noite de quarta-feira no Vale de Bekaa, no leste no sul do Líbano. Acredita-se que ambas as áreas sejam redutos do Hezbollah.
Em meio a veículos carregados com pertences amarrados no teto e inúmeras pessoas fazendo longas filas no lado sírio da fronteira, Llosa disse que o Acnur está trabalhando para fornecer água, comida, cobertores e colchões.
Cessar-fogo rejeitado
Segundo agências de notícias, uma proposta de cessar-fogo de 21 dias feita pelos Estados Unidos e países europeus, incluindo a França, e várias nações árabes foi rejeitada por membros do governo Netanyahu.
Os últimos dados do Ministério do Interior do Líbano indicam que 70,1 mil deslocados internos estão agora registrados em 533 centros administrados pelo governo. Cerca de 500 mil pessoas foram desalojadas após meses de confrontos entre o Hezbollah e Israel.
O Acnur afirma que suas equipes “estão de prontidão para ajudar mais civis que fogem dos ataques aéreos, fornecendo abrigo, assistência médica e apoio psicossocial”.
O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apelou por “mais abrigos e mais fundos” para fornecer suporte crítico aos necessitados. A agência está distribuindo kits de higiene de emergência, cobertores, sacos de dormir e kits de dignidade em abrigos para deslocados
A escalada recente da violência deixou mais de 600 pessoas mortas e 1.835 feridas.