Explosões em escolas de ensino médio matam ao menos seis pessoas no Afeganistão

Atentado ocorreu quando os alunos deixavam as aulas da manhã. Informações iniciais indicam que há crianças entre os mortos

Três explosões atingiram o bairro xiita de Dashti Barchi, em Cabul, no Afeganistão, nesta terça-feira (19). Os relatos iniciais falam em ao menos seis pessoas mortas e 11 feridas, de acordo com a rede Gandhara.

Khaled Zadran, porta-voz da polícia local, afirmou que as explosões ocorreram na Escola Abdul Rahim Shahid de ensino médio. Crianças que frequentam a instituição de ensino estão entre as vítimas.

Zadran usou o Twitter para confirmar os números iniciais. “Segundo estatísticas preliminares, na série de explosões desta manhã que ocorreram no portão de entrada da escola do Mártir Abdul Rahim na área do Distrito 6, seis de nossos compatriotas foram martirizados e outros 11 ficaram feridos. As forças de segurança estão no local, e uma investigação foi iniciada sobre o ataque”, disse ele.

Uma segunda explosão foi relatada no Centro Educacional Mumtaz, a alguns quilômetros de distância do outro ataque. As explosões ocorreram no momento em que os alunos deixavam as aulas matinais. De acordo com a agência alemã DPA, os agressores usaram granadas.

A região onde ocorreram as explosões é ocupada sobretudo por pessoas da etnia Hazara, historicamente um alvo do Estado Islâmico (EI). Entretanto, a facção do grupo no Afeganistão, o Estado Islâmico-Khorasan (EI-K), não assumiu imediatamente a autoria do atentado.

Combatentes do EI-K capturados após ataque a hospital de Cabul em 2021 (Foto: reprodução/Twitter)

Por que isso importa?

Embora tenha ganhado notoriedade somente após o Taleban ascender ao poder, o EI-K não é novo no cenário afegão. O grupo extremista opera no Afeganistão desde 2015 e surgiu na esteira da criação do Estado Islâmico (EI) do Iraque e da Síria. Foi formado originalmente por membros de grupos do Paquistão que migraram para fugir da crescente pressão das forças de segurança paquistanesas.

Agora que a ocupação estrangeira no Afeganistão terminou e que o antigo governo foi deposto pelo Taleban, os principais alvos do EI-K têm sido a população civil e os próprios talibãs, tratados como apóstatas pelo Khorasan, sob a acusação de que abandonaram a jihad por uma negociação diplomática.

Os ataques suicidas são a principal marca do EI-K, que habitualmente tem uma alta taxa de mortes por atentado. O mais violento de todos eles ocorreu durante a retirada de tropas dos EUA e da Otan, quando as bombas do grupo mataram 182 pessoas na região do aeroporto de Cabul.

No início de outubro de 2021, dezenas de pessoas morreram em um ataque suicida a bomba contra uma mesquita na província de Kunduz, no nordeste do Afeganistão. Já em novembro, nova ação do EI-K, esta contra um hospital de Cabul, deixou 25 pessoas mortas e cerca de 50 feridas.

Não há diferença substancial entre EI e EI-K, somente o local de origem, a região de Khorasan, originalmente parte do Irã.

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