O terceiro relatório da Equipe de Investigação e Identificação (IIT, da sigla em inglês) da Opaq (Organização para a Proibição de Armas Químicas) concluiu que há “motivos razoáveis” para acreditar que as Forças Aéreas Árabes da Síria tenham sido responsáveis por um ataque com armas químicas em 2018 na cidade de Douma.
Com base na avaliação do grande volume de evidências coletadas e analisadas, o IIT concluiu que, na noite de 7 de abril de 2018, pelo menos um helicóptero das forças sírias jogou dois cilindros amarelos contendo gás cloro tóxico em dois prédios de apartamentos em uma área habitada por civis em Douma, que fica a 10 km da capital, Damasco. Pelo menos 43 pessoas morreram.
As evidências reunidas incluem 70 amostras ambientais e biomédicas, 66 depoimentos de testemunhas, imagens de satélite, modelagem de dispersão de gás e simulações de trajetória. Todas passaram pelo crivo de investigadores, analistas e vários especialistas independentes do IIT.
“O uso de armas químicas em Douma, e em qualquer lugar, é inaceitável e uma violação do direito internacional”, disse o diretor-geral da OPAQ, Fernando Arias. “O mundo agora conhece os fatos. Cabe à comunidade internacional agir”.
Em 2017, o governo da Síria usou os gases sarin e cloro em pelo menos três ataques coordenados em Ltamenah, região central do país, segundo a Opaq.
As investigações cobriram incidentes nos dias 24, 25 e 30 de março de 2017, que atingiram ao menos 100 pessoas. Os gases usadas pela Síria nessas ocasiões foram banidos em 1997 pela Convenção de Armas Químicas.
Em 2015, a Opaq e a ONU, por meio do Conselho de Segurança, iniciaram um “mecanismo investigativo conjunto” para apurar denúncias anteriores de ataques com armas químicas na Síria. A missão não foi renovada em novembro de 2017, após veto da Rússia, e encerrada na sequência.
O IIT tem a função de apurar os fatos, não sendo uma entidade promotora ou judicial. Não é responsável por determinar a responsabilidade criminal de indivíduos, organizações ou Estados.
Mais de 99% de todos os estoques declarados de armas químicas foram destruídos sob a verificação da OPAQ, que tem sede em Haia, na Holanda. A organização é um órgão da Convenção sobre Armas Químicas (OPCW, da sigla em inglês), que por seus esforços na eliminação de armas químicas recebeu o Prêmio Nobel da Paz de 2013.