Grávidas e recém-mães enfrentam risco ampliado durante o conflito entre Israel e o Hamas

Enquanto o conflito entre forças israelenses e militantes avança, especialistas e organizações humanitárias afirmam que gestantes e puérperas têm vivido desafios significativos

O conflito contínuo entre Israel e o Hamas tem resultado na escassez de alimentos, água e combustível em Gaza, o que representa um cenário particularmente dramático para mulheres grávidas e recém-mães. Isso porque tais condições precárias de transporte e alimentação dificultam o acesso a cuidados de saúde essenciais, alertaram especialistas e organizações humanitárias. As informações são da rede ABC News.

De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), estima-se que cerca de 50 mil mulheres grávidas estejam em Gaza, onde ocorrem cerca de 160 partos por dia. Além disso, na Cisjordânia há aproximadamente 73 mil esperando bebês, com mais de oito mil delas previstas para dar à luz no próximo mês.

Uma família é realocada durante evacuação (Foto: WikiCommons)

O médico Dabney P. Evans, professora de saúde global na Universidade Emory, nos Estados Unidos, enfatizou que a guerra compromete a atuação dos profissionais de saúde. Ela acrescentou que, em termos de saúde pública, o foco deve estar nos grupos vulneráveis, como gestantes e menores de idade, garantindo que suas necessidades de saúde sejam atendidas.

“Mulheres grávidas e as crianças estão entre as populações às quais gostaríamos de prestar atenção especial, para garantir que as suas necessidades de saúde sejam atendidas”, disse ela.

Na visão do médico Harry Johnson, um obstetra e ginecologista com experiência em zonas de guerra do Centro Médico da Universidade de Maryland, também nos EUA, fornecer cuidados pré-natais é desafiador em áreas afetadas por conflitos. Segundo ele, muitas vezes, as grávidas têm dificuldade em acessar clínicas de saúde devido à falta de transporte, dependendo da localização. “Isso pode forçá-las a procurar cuidados em casa, o que nem sempre é ideal”, observou.

Esse tipo de situação aumenta o risco de complicações para as gestantes, como parto prematuro, baixo peso ao nascer, natimortos ou abortos espontâneos, de acordo com especialistas. Quando alguém dá à luz em casa, por exemplo, não há acesso a profissionais de saúde que possam monitorar a saúde dos bebês.

Há também o fato de que mulheres grávidas ou que deram à luz podem enfrentar dificuldades para se deslocar com segurança, dependendo das circunstâncias. Evans observa que a proximidade do parto geralmente impede viagens longas, como qualquer mulher grávida pode atestar, e para aquelas em áreas de conflito ou crises humanitárias, isso pode ser “especialmente desafiador”.

Além disso, hospitais também estão em risco de ataques, com 22 casas de saúde no norte de Gaza afetados pelas ordens de evacuação de Israel, que tratam mais de dois mil pacientes.

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