Israel ordenou a evacuação de hospitais no norte de Gaza dias antes de ataque que matou centenas

Hamas diz que mais de 500 pessoas morreram em ataque das forças israelenses, que por sua vez culpam outra organização palestina

Um míssil atingiu na terça-feira (17) um hospital lotado de civis e pessoas em busca de abrigo no norte da Faixa de Gaza. De acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, mais de 500 pessoas morreram, no que o grupo radical que controla o enclave diz ter sido um ataque realizado pelas forças israelenses. Por sua vez, Israel nega responsabilidade e diz que a explosão foi causada acidentalmente pela Jihad Islâmica Palestina (JIP), um grupo extremista originário do Egito que teria se juntado ao conflito do lado palestino.

A acusação contra Israel, entretanto, tem um forte argumento. No final da semana passada, o país emitiu seguidos alertas para que os palestinos evacuassem 22 hospitais no norte de Gaza, justamente onde ocorreu o ataque. As ordens foram inclusive contestadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sob a alegação de que mais de dois mil pacientes vinham sendo tratados nos estabelecimentos em questão.

“A evacuação forçada de pacientes e profissionais de saúde agravará ainda mais a atual catástrofe humanitária e de saúde pública”, disse na ocasião a agência das Nações Unidas. “As instalações de saúde no norte de Gaza continuam a receber um afluxo de pacientes feridos e lutam para funcionar além da capacidade máxima.”

Fachada do Hospital Al Ahli, imagem de agosto de 2020 (Foto: WikiCommons)

A entidade também disse, no mesmo comunicado, que já havia “relatos verificados de mortes de profissionais de saúde e de destruição de instalações de saúde”, afirmando que tais atos são “proibidos pelo Direito Internacional Humanitário.”

O Hamas classificou o ataque como “um horrível massacre”, de acordo com a agência Associated Press (AP). Vídeos obtidos pela reportagem, que confirmou terem sido feitos no Hospital Al Ahli, mostram o edifício sendo engolido pelas chamas, com muitos corpos de crianças nos destroços.

Inicialmente, um chefe da defesa civil de Gaza alegou que havia 300 vítimas fatais no hospital. Mais tarde, entretanto, o Ministério da Saúde local ampliou os números para 500 mortos, de acordo com a agência Reuters. A agência catari Al Jazeera também fala em 500 vítimas fatais com base em informações do Hamas, dados que carecem de verificação independente.

O governo israelense, porém, nega a autoria. O jornal Times of Israel alega, inclusive, que os edifícios principais do hospital não foram atingidos, somente o estacionamento. E que os danos foram causados por um míssil disparado pela JIP que se desviou da rota. O grupo extremista nega a acusação.

“Uma análise dos sistemas operacionais das IDF (Forças de Defesa de Israel, da sigla em inglês) indica que uma barragem de foguetes foi disparada por terroristas em Gaza, passando nas proximidades do hospital Ahli em Gaza na hora em que foi atingido”, disse o porta-voz porta-voz das forças armadas israelenses, contra-almirante Daniel Hagari.

Em seu perfil no Facebook, as IDF contestaram os relatos da imprensa sobre o bombardeio. “Os meios de comunicação de todo o mundo foram rápidos em publicar as manchetes do Hamas – sem verificar os fatos”, diz a postagem. “Sabemos agora que um foguete da Jihad Islâmica dirigido a Israel falhou e atingiu o hospital em Gaza.”

A OMS, no entanto, reforça que o hospital Al Ahli estava na lista dos que receberam ordens de evacuação de Israel. Segundo a agência, a determinação “tem sido impossível de ser executada dada a atual insegurança, o estado crítico de muitos pacientes e a falta de ambulâncias, pessoal, capacidade de camas do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados.”

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