O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, afirmou na terça-feira (21) que está disposto a negociar a retomada do acordo nuclear de 2015. Porém, ele ainda impõe como condição a retirada de sanções impostas por Washington, de acordo com a agência Reuters.
“A República Islâmica considera as conversas úteis se o resultado final for o levantamento de todas as sanções opressivas (dos EUA)”, disse Raisi, em discurso gravado previamente e apresentado à Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), que ocorre em Nova York. Segundo ele, as sanções, em particular as impostas pelo ex-presidente Donald Trump em 2018, configuram “crimes contra a humanidade durante a pandemia do coronavírus”.
Armamento nuclear
A manifestação ocorre cerca de um mês após os Estados Unidos expressarem preocupação com a produção iraniana de urânio metálico, fato relatada pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). O elemento químico pode ser usado na construção do núcleo de uma bomba nuclear.
Desde então, Washington aumentou a pressão sobre Teerã para que “cesse sua escalada nuclear” e retorne às negociações do acordo nuclear de 2015 com as potências mundiais.
“O Irã não tem necessidade crível de produzir urânio metálico, que tem relevância direta para o desenvolvimento de armas nucleares”, disse à época o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price.
Na semana passada, a AIEA deu um primeiro passo nas tratativas com o Irã, ao firmar um acordo para obter acesso futuro a câmeras de vigilância dentro das instalações atômicas do país.
Embora seja um sinal de “cooperação e confiança mútua” entre as partes, o acordo prevê que os cartões de memória inseridos atualmente nas câmeras, que mostram a recente atividade iraniana em suas principais instalações nucleares, serão lacrados e mantidos no país.
Por que isso importa?
O ex-presidente norte-americano Barack Obama foi o responsável por um histórico acordo de cooperação entre Washington e Teerã, firmado em 2015, para que os iranianos deixassem de investir em armas nucleares. A resolução 2231 da ONU rege o pacto.
À época do acordo, o então candidato Donald Trump afirmava em campanha que o pacto era “estúpido”. Eleito, o republicano cumpriu a promessa de retirar seu país da tratativa, impondo ainda novas sanções ao Irã, que em consequência retomou o investimento em armas nucleares.