Irã fala em ‘terrorismo’ após explosão que matou mais de cem durante homenagem a general

Explosivos foram posicionados nas proximidades do túmulo de Qassem Soleimani, assassinado pelos EUA, durante uma procissão em sua homenagem

Pelo menos 103 pessoas morreram e outras 170 ficaram feridas em duas explosões ocorridas durante uma procissão que caminhava em direção ao túmulo do general iraniano Qassem Soleimani nesta quarta-feira (3). A tragédia ocorreu durante uma cerimônia que marcava o quarto aniversário da morte do comandante, causada por um ataque de drone dos EUA em 2020. As informações são do jornal britânico The i.

O incidente ocorreu na cidade de Kerman, no sudeste do Irã, durante a homenagem a Soleimani, com a imprensa estatal relatando duas explosões, a segunda ocorrendo cerca de 15 minutos após a inicial. O porta-voz dos serviços de emergência iranianos, Babak Yektaparast, confirmou os números de vítimas.

O vice-governador de Kerman, Rahman Jalali, classificou os ataques como “terroristas”, embora até o momento nenhum grupo tenha reivindicado a responsabilidade. Segundo relatos do Nournews, site de notícias iraniano ligado ao governo, uma explosão envolvendo botijões de gás ocorreu na estrada que conduz ao cemitério.

General Qassem Soleimani (Foto: Wikimedia Commons)

Já a Tasnim, agência de notícias iraniana, citando fontes não identificadas, reportou que as duas explosões próximas ao túmulo de Soleimani foram acionadas por controle remoto.

“Duas bolsas contendo explosivos detonaram” no local, afirmou a Tasnim, que é próxima ao Corpo da Guarda Revolucionária do Irã, do qual Soleimani fazia parte.

A TV estatal transmitiu imagens de equipes de resgate do Crescente Vermelho atendendo os feridos. Enquanto isso, autoridades locais, entre elas Reza Fallah, chefe rede humanitária global na província de Kerman, destacaram os desafios de evacuar os feridos devido ao congestionamento nas estradas.

“Sem dúvida, os responsáveis por este ato covarde serão logo identificados e punidos pelo seu ato hediondo pelas forças de segurança e aplicação da lei competentes”, afirmou o presidente iraniano Ebrahim Raisi em uma declaração escrita, conforme repercutiu a agência Al Jazeera.

Manifestações

O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, manifestou condolências às vítimas do ataque em Kerman e instou à responsabilização dos autores. Em um comunicado emitido pelo seu porta-voz, Guterres condenou firmemente o ataque à cerimônia memorial na cidade iraniana.

A União Europeia (UE) também se posicionou sobre o atentado em Kerman, expressou solidariedade ao povo iraniano e destacou a necessidade de responsabilização dos agressores.

Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, lamentou as vítimas das explosões, evitando comentar sobre os responsáveis. Ele destacou que aqueles que visitavam o local de descanso de Soleimani, incluindo homens, mulheres e crianças, “seguiram o mesmo caminho de luta” do general.

Soleimani, chefe da brigada Al-Quds, a elite do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC, na sigla em inglês), era visto pelos EUA como o cérebro por trás da estratégia miliar e geopolítica do país. A morte do comandante em 3 de janeiro de 2020, por ordem do ex-presidente Donald Trump, foi mais um capítulo no histórico de tensões entre o Irã e os Estados Unidos. Teerã retaliou com um ataque de foguetes a uma base iraquiana onde também estavam forças norte-americanas.

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