Irã promete retaliação ‘definitiva, calculada e precisa’ contra Israel

Chefe da diplomacia de Teerã diz que país responderá no momento adequado ao assassinato do líder do Hamas Ismail Haniyeh

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyyed Abbas Araghchi, afirmou no sábado (24) que o país responderá de maneira “definitiva, calculada e precisa” ao assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh. A nova ameaça de Teerã foi feita após o Hezbollah afirmar que lançou mais de 300 foguetes contra o norte de Israel no fim de semana. As informações são da rede Voice of America (VOA).

A declaração de Araqchi foi feita durante conversa com seu homônimo italiano Antonio Tajani. Em ligação telefônica, o iraniano disse ao colega que Teerã não deseja aumentar as tensões, mas também “não teme que isso ocorra”.

Haniyeh, que estava no Irã para participar da posse do presidente Masoud Pezeshkian, foi morto em 31 de julho, juntamente com seu guarda-costas, quando sua residência em Teerã foi alvo de um ataque. O Irã culpou Israel pelo assassinato, mas o Estado judeu não confirmou nem negou sua participação.

Haniyeh estava na lista de alvos de Israel desde os ataques do Hamas ao país em 7 de outubro. Ele não foi o idealizador da operação, mas, segundo a agência Associated Press (AP), a exaltou como um golpe humilhante contra o aparentemente invencível inimigo. Foi, desde então, marcado como um alvo preferencial do governo israelense, que tem um histórico de missões semelhantes bem-sucedidas.

Ali Khamenei, líder supremo iraniano, lidera oração por Ismail Haniyeh em agosto de 2024 (Foto: WikiCommons)

Araghchi ressaltou o direito do Irã de retaliar contra Israel pelo assassinato de Haniyeh, afirmando que a “agressão” israelense contra a segurança nacional e a soberania do Irã não ficará sem resposta. Ele destacou que a retaliação será feita “no momento certo e da forma apropriada”.

O assassinato intensificou os temores de um conflito regional maior, especialmente em meio à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza e os confrontos diários entre forças israelenses e o Hezbollah no Líbano, ambos grupos apoiados pelo Irã.

Os comentários de Araqchi seguiram um aumento nos confrontos entre Israel e o Hezbollah no domingo (25), com ambos os lados realizando centenas de ataques. O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que os ataques israelenses ao Hezbollah são um passo “para melhorar a segurança” no norte e garantir o retorno seguro dos cidadãos, prometendo que “ainda há mais por vir”.

O Hezbollah afirmou que seus ataques contra Israel foram apenas o início de uma série de retaliações pelo assassinato de Fouad Shukur, um comandante do grupo, ocorrido em Beirute no mês passado. Israel acusou Shukur de estar envolvido em um ataque que matou 12 crianças e adolescentes. O grupo militante libanês também mencionou que, embora novos ataques futuros visem alvos mais profundos em Israel, as operações do dia estavam concluídas.

Enquanto isso, as negociações no Cairo para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas terminaram no domingo sem um acordo. Um alto funcionário dos EUA considerou as discussões “construtivas” e disse que negociações adicionais, envolvendo equipes de nível inferior, continuarão nos próximos dias para resolver as questões pendentes.

Os Estados Unidos, o Egito e o Catar têm negociado um acordo em várias etapas para um cessar-fogo, que inclui a interrupção dos combates, a liberação de reféns e prisioneiros, e o aumento da ajuda humanitária para Gaza.

Simultaneamente, o Pentágono anunciou no domingo que o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, ordenou o envio de dois grupos de ataque de porta-aviões para o Oriente Médio para fortalecer a presença militar americana devido às tensões na região.

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