O governo do Irã prometeu vingança após a morte de Sayad Khodai, coronel da Guarda Revolucionária (IRGC, na sigla em inglês) assassinado em frente à casa dele no último domingo (22), em Teerã. Dois homens em motocicletas dispararam contra o veículo onde estava a vítima, de acordo com a rede britânica BBC.
Khodai era membro do destacamento de elite Quds Force, um obscuro braço de operações internacionais da IRGC. O presidente Ebrahim Raisi fez referência aos EUA ao comentar o crime, dizendo que foi cometido pelas “mãos da arrogância global”. Porém, nenhum grupo ou país assumiu a autoria da ação.
“Peço às autoridades de segurança que investiguem seriamente o crime e não tenho dúvidas de que a vingança contra os criminosos pelo sangue puro deste honrado mártir é inevitável”, disse Raisi.
O governo não deu maiores detalhes sobre a função de Khodai na Guarda Revolucionária, mas afirmou que ele era um “defensor do santuário”. A expressão é normalmente usada para se referir a militares ou combatentes de milícias apoiadas pelo governo que operam na Síria ou no Iraque.
A função do coronel pode ajudar a estabelecer os responsáveis pelo crime. Entre as milícias xiitas ligadas ao Quds Force estão aquelas que lutam ao lado do presidente Bashar Al-Assad na guerra civil da Síria. Outros desses grupos armados atuam no Iraque e ajudaram a derrotar o Estado Islâmico (EI) no país.
Washington acusa o Quds Force de armar e treinar grupos extremistas em todo o mundo. Já Israel diz que Khodai foi o responsável por diversos ataques contra judeus.
Ram Ben-Barak, ex-membro do Mossad e agora presidente do comitê de Defesa e Relações Exteriores do Parlamento israelense, comentou o caso. “Não quero entrar em detalhes sobre o que aconteceu ou quem fez o quê. Um assassinato aconteceu”, disse ele. “Devo dizer que sinto muito por ele não estar mais conosco? Não sinto”.
Outro assassinato
Khodai é o mais alto oficial iraniano assassinado desde Mohsen Fakhrizadeh, responsável pelo desenvolvimento do programa nuclear militar do Irã. Ele foi morto em novembro de 20201, também dentro de um carro nos arredores de Teerã, atacado com explosivos e metralhadoras.
O Irã atribui a morte de Fakhrizadeh a Israel, que não confirma nem nega envolvimento. Entretanto, em junho do ano passado, Yossi Cohen, ex-diretor do Mossad, o serviço de inteligência israelense, sugeriu que seu país esteve por trás do crime.
Ao entrevistar Cohen no programa investigativo “Uvda”, do Canal 12 de Israel, a jornalista Ilana Dayan deu detalhes de como tudo ocorreu. Segundo ela, uma metralhadora operada por controle remoto foi instalada na caçamba de uma picape que, após disparar, se autodestruiu.
Em Israel, uma norma que já tem mais de dez anos exige que qualquer matéria jornalística que remeta à segurança nacional deve passar por um censor. O fato de a entrevista com Cohen ter sido aprovada sugere que Israel tinha a intenção de mandar uma mensagem ao Irã.