Karim Younis, o prisioneiro político palestino mais antigo, foi libertado nesta quinta-feira (5), depois de passar 40 anos no cárcere. Aos 66 anos, ele deixou a prisão de Hadarim, no norte de Tel Aviv, às 4h da madrugada (horário local). As informações são da agência Al Jazeera.
Younis foi detido em 1983, sob acusação de ter sequestrado e matado o soldado israelense Avraham Bromberg nas Colinas de Golã ocupadas três anos antes. Ele foi inicialmente condenado à morte, pena que mais tarde foi comutada para quatro décadas de prisão.
Ao chegar em sua terra natal, Ar’ara, no norte de Israel, o agora ex-detento, que pertence à minoria árabe do país – a maioria dos quais se identifica como palestinos –, foi recebido por centenas de apoiadores. Durante a recepção, o hino do Estado da Palestina foi cantado pela multidão.
“Foram 40 anos cheios de histórias, histórias de prisioneiros e cada história é a história de uma nação”, disse Younis após sua libertação.
Younis é tido como uma “figura chave na luta palestina”. “Ele é visto como alguém que era uma estrela em ascensão na política palestina quando foi preso e acusado de assassinato”, disse o repórter da Al Jazeera enviado para a cobertura, Imran Khan.
O presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que Younis “representa um símbolo do povo palestino e das pessoas livres do mundo em firmeza”, relatou a rede BBC.
Um dos primeiros atos de Younis em liberdade foi visitar o túmulo de sua mãe, falecida há oito meses. Imagens dele emocionado no túmulo foram compartilhadas pela imprensa local e internacional.
الأسير المحرر كريم يونس يحتضن قبر والدته التي توفيت قبل 8 أشهر من موعد حريته#الجزيرة pic.twitter.com/mzDQlsvIwZ
— الجزيرة فلسطين (@AJA_Palestine) January 5, 2023
De acordo com o Clube de Prisioneiros Palestinos (CPP), uma organização civil de defesa de palestinos detidos, Younis integrava um grupo de prisioneiros para libertação há uma década, como parte de um acordo mediado pelo então secretário de Estado dos EUA John Kerry. Porém, as negociações não avançaram.
Atualmente, há cerca de 4,7 mil prisioneiros palestinos em prisões israelenses. Entre eles estão 150 crianças e 835 pessoas detidas sem julgamento ou acusação.
A disputa entre Israel e Palestina começou depois da guerra de 1967, quando o Estado judeu ocupou a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Desde então, os palestinos buscam um Estado independente no território ocupado ilegalmente.