As forças israelenses mobilizaram tanques na Cisjordânia ocupada pela primeira vez desde 2005, em uma escalada militar que já resultou na remoção de 40 mil palestinos no norte do território. A ofensiva faz parte de uma operação ampliada contra grupos armados palestinos, que, segundo Israel, se estenderá ao longo do ano. As informações são da Al Jazeera.
O anúncio da permanência prolongada das tropas israelenses nos campos de refugiados foi feito no domingo (23) pelo ministro da Defesa de Israel, Israel Katz. “Instruí [as tropas] a se prepararem para uma presença prolongada nos campos esvaziados durante o próximo ano e a impedir o retorno dos moradores e o ressurgimento do terrorismo”, afirmou em comunicado.

A operação militar israelense ocorre semanas após o início do cessar-fogo na Faixa de Gaza. Desde então, o exército tem conduzido ataques em diversas áreas da Cisjordânia, com foco em campos de refugiados próximos a Jenin, Tulkarem e Tubas.
Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), pelo menos 51 palestinos, incluindo sete crianças, foram mortos na ofensiva israelense, assim como três soldados israelenses. Além das mortes, cerca de 40 mil palestinos foram deslocados à força de suas casas.
Tanques em Jenin e demolições em Tulkarem
No domingo, os militares israelenses confirmaram a mobilização de uma divisão de tanques na região de Jenin, como parte da ampliação das operações. Essa é a primeira incursão de blindados na Cisjordânia desde o fim da Segunda Intifada, há quase duas décadas.
Além disso, tropas israelenses expandiram sua atuação para outras aldeias no norte do território, com a Brigada Nahal, unidade de infantaria, e a Unidade Duvdevan, força de elite, operando em Jenin e Tulkarem.
Em meio à escalada militar, o exército de Israel tem demolido dezenas de residências em Tulkarem e Jenin com o uso de explosivos, alegando a necessidade de criar novas rotas de acesso em áreas densamente povoadas. Bulldozers blindados têm destruído ruas, rompido tubulações de água e derrubado fachadas de edifícios.
A escalada da violência
Desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023, a violência na Cisjordânia tem se intensificado. De acordo com o Ministério da Saúde palestino, ao menos 900 palestinos, incluindo combatentes, foram mortos por tropas israelenses ou colonos no território desde então.
A expansão das operações militares na Cisjordânia reflete a continuidade do conflito, que já provocou um deslocamento em massa e um aumento da tensão na região.