Os cidadãos sírios foram alvos de pelo menos 52 ataques em estruturas da vida civil entre novembro de 2019 e junho de 2020 só em Idlib. O dado foi divulgado nesta terça (7) e respalda a acusação da ONU (Organização das Nações Unidas) de crimes de guerra no país.
São 17 ataques a hospitais, 14 a escolas, 12 a residências e nove a mercados no período contemplado pelo relatório. Os números referem-se apenas à província de Idlib e seus arredores e foram compilados pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da entidade.
O responsável pela comissão que apurou os crimes de guerra em Idlib, Paulo Pinheiro, relatou ataques e tortura até mesmo contra famílias tentando fugir da região, uma das mais afetadas pela guerra civil que já devasta o país há nove anos.
“É repugnante que civis continuem a ser atacados e até visados, enquanto tentam seguir suas vidas”, afirmou. “Crianças bombardeadas na escola, pais bombardeados no mercado, pacientes bombardeados no hospital. Famílias inteiras foram bombardeadas enquanto tentavam fugir.”
Disputa em curso
Com auxílio da Rússia, forças do exército sírio ligadas ao ditador Bashar al-Assad tentam recuperar as regiões de Idlib e Aleppo – antes da guerra, duas das mais importantes cidades do país.
Os ataques acontecem por via aérea e terrestre, inclusive com uso de bombas de fragmentação. O relatório também informa que há ataques indiscriminados e deliberados sobre áreas em tese protegidas por convenções de guerra.
As famílias que conseguem fugir têm suas casas saqueadas por terroristas. “Quem fica tem de escolher entre ser bombardeado ou acabar sob controle de [grupos extremistas], onde grassam os abusos aos direitos humanos e a assistência humanitária é extremamente limitada”, afirmou a comissária Karen Koning AbuZayd, uma das responsáveis pelo relatório.
A Comissão investiga abusos ocorridos desde 2011 na Síria para o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino. Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos. Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.