ONU aumenta pressão sobre Israel e cita ‘grave risco de genocídio’ em Gaza

Especialistas a serviço das Nações Unidas cobram cessar-fogo e afirmam que 'aliados de Israel também têm responsabilidade'

“O povo palestino corre grave risco de genocídio.” A afirmação foi feita na quinta-feira (2) por um grupo de especialistas independentes designados pela ONU (Organização das Nações Unidas), que ampliaram as críticas a Israel por se recusar a estabelecer um cessar-fogo após quase um mês de bombardeios constantes contra a Faixa de Gaza.

O conflito iniciado no dia 7 de outubro, com um ataque realizado pelo Hamas que matou cerca de 1,4 mil israelenses, já fez mais de nove mil vítimas do lado palestino, de acordo com a agência Reuters. Conforme Israel se recusa a encerrar os bombardeios, as Nações Unidas seguem de mãos atadas, inclusive com uma resolução sugerida pelo Brasil vetada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança.

“Continuamos convencidos de que o povo palestino corre grave risco de genocídio”, disseram os especialistas. “A hora de agir é agora. Os aliados de Israel também têm responsabilidade e devem agir agora para evitar o seu curso desastroso de ação.”

Cidade de Gaza sofre ataques aéreos simultâneos durante o dia (Foto: Unicef/El Baba)

De positivo, o grupo destacou a resolução aprovada pela Assembleia Geral, embora não tenha o mesmo poder de uma decisão do Conselho de Segurança e funcione somente como uma recomendação.

“Recebemos a resolução com esperança, mas a necessidade de ação é agora”, disseram os especialistas, segundo os quais “a situação em Gaza atingiu um ponto de virada catastrófico.” Eles ainda alertaram para a extrema necessidade de alimentos, água, medicamentos, combustível e serviços essenciais.

“A água é essencial para a vida humana, e hoje dois milhões de habitantes de Gaza lutam para encontrar água potável”, afirmaram.

Segundo a ONU, o conflito deslocou internamente 1,4 milhão de pessoas em Gaza, com cerca 629 mil em busca de refúgio em 150 abrigos de emergência. Nem os trabalhadores humanitários escapam dos ataques, com ao menos 70 deles mortos nos bombardeios.

“Queremos lembrar a todas as partes que o pessoal e as instalações humanitárias e médicas estão protegidos pelo direito internacional. Os Estados têm a obrigação de garantir a sua segurança e proteção em tempos de guerra”, afirmaram os especialistas.

O grupo designado pela ONU citou também as ações do Hamas e outros grupos armados que enfrentam Israel, destacando particularmente a situação de cerca de 200 pessoas mantida reféns pela organização extremista.

“Exigimos um cessar-fogo humanitário para garantir que a ajuda chegue àqueles que mais necessitam”, disseram. “Um cessar-fogo também significa que canais de comunicação podem ser abertos para garantir a libertação dos reféns.”

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