ONU pede renovação imediata de resolução para enviar ajuda humanitária à Síria

Documento que permite a entrega de suprimentos pelo noroeste do país, na fronteira com a Turquia, vence em poucos dias

Altos representantes de agências da ONU (Organização das Nações Unidas) publicaram um comunicado destacando os impactos do atraso na renovação da resolução 2642, que permite a entrada de ajuda humanitária pelo noroeste da Síria, na fronteira com a Turquia.

O texto, aprovado em julho de 2022, tem validade até dia 10 de janeiro. Os escritórios da ONU alertam que, caso o Conselho de Segurança não consiga votar a favor de sua renovação, as consequências podem catastróficas para 4,1 milhões de pessoas em áreas não controladas pelo governo.

O comunicado foi assinado pelo Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, a Organização Internacional para Migrações OIM), a Agência das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o Fundo da ONU para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos (PMA) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a nota, mulheres e crianças são a maioria dentre os que precisam de assistência apenas para sobreviver no auge do inverno e em meio a um grave surto de cólera.

Sem as operações transfronteiriças da ONU, milhões de pessoas, especialmente os deslocados, não terão acesso a comida e abrigo ou meios para ajudar a lidar com as duras condições de inverno.

Também ficariam em risco as capacidades de vigilância, o tratamento e testagem necessárias para conter a cólera, o fornecimento da água potável e a proteção contra a violência de gênero.

Civis recebem água potável do Unicef em Al-Hol, Síria, abril de 2020 (Foto: Unicef/Delil Souleiman)
Atuação da ONU

O comunicado ainda afirma que a impossibilidade do Conselho de Segurança em estender a resolução também significaria que o Mecanismo de Monitoramento da ONU deixaria de funcionar, o que poria fim à verificação da ONU sobre a natureza humanitária das cargas na fronteira.

Os representantes da ONU reforçam que sua posição permanece consistente e clara: os serviços de assistência e proteção humanitária devem sempre poder chegar a quem precisa através da rota mais segura, direta e eficiente.

Em 2022, ONU e parceiros entregaram ajuda pela fronteira turca com a Síria, atingindo uma média de 2,7 milhões de pessoas mensalmente. Este trabalho incluiu a recuperação precoce e o apoio aos meios de subsistência para fortalecer a resiliência das comunidades em toda a Síria.

Segundo as agências, também foi possível reforçar a assistência na Síria a partir de áreas controladas pelo governo nas linhas de frente no noroeste do país, fornecendo alimentos, saúde, educação e outros suprimentos para milhares de pessoas necessitadas.

Continuação e expansão da ajuda humanitária

A ONU afirma que está determinada a manter e expandir as entregas e pede a todas as partes que o acesso humanitário seja desimpedido e previsível ao noroeste da Síria a partir de áreas controladas pelo governo.

O comunicado aponta que, embora essas entregas cruzadas sejam eficazes, elas não podem corresponder à escala e ao escopo das operações transfronteiriças, que continuam sendo indispensáveis.

Ao contrário das resoluções anteriores que prorrogavam as operações transfronteiriças por 12 meses, a última ação do Conselho concedia apenas uma autorização de seis meses.

A situação levou a desafios logísticos e operacionais adicionais, aumentou os custos operacionais e restringiu a capacidade dos parceiros humanitários de ajudar os necessitados.

O comunicado reforça que os milhões de pessoas que dependem da ajuda transfronteiriça para sobreviver precisam que esta resolução seja renovada sem demora.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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