Mulheres são proibidas pelo Taleban de visitar e trabalhar em parque nacional no Afeganistão

A mais recente medida de repressão de gênero evidencia o aumento das restrições impostas pela organização islâmica às afegãs

O Parque Nacional Band-e-Amir, localizado no Afeganistão, antes reconhecido por empregar as primeiras guardas florestais do país, enfrenta agora restrições severas ao trabalho feminino com o país sob o domínio do Taleban. Essa escalada repressiva impede não apenas as mulheres de viajarem sozinhas pelo país, mas também que exerçam qualquer forma de atividade profissional e de estudar. As informações são da rede CNN.

No último sábado (26), Mohammad Khalid Hanafi, ministro à frente da pasta de Virtude e Prevenção do Vício, comunicou a proibição das mulheres de frequentarem o popular parque. O local está situado na província central de Bamiyan, uma das áreas mais carentes e menos desenvolvidas do país.

O parque foi estabelecido em 2019 pelo governo local afegão, em colaboração com diversas agências internacionais notáveis, como a USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), responsável por fornecer assistência econômica e humanitária a países em desenvolvimento, e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Uma menina e seu irmão apreciam a paisagem do Parque Nacional Band-e-Amir (Foto: U.S. National Archives & DVIDS)

Heather Barr, diretora associada dos direitos das mulheres na ONG Human Rights Watch (HRW), expressou em um comunicado nesta segunda-feira (28) que a proibição reflete o aperto crescente das restrições em relação às afegãs.

Ela enfatizou que, além de negar educação, oportunidades de trabalho e liberdade de movimento às meninas e mulheres, os talibãs estão agora “limitando seu acesso a parques, atividades esportivas e até mesmo à natureza”, como demonstrado pela recente proibição de mulheres visitarem Band-e-Amir.

Barr destacou que, passo a passo, as oportunidades para as mulheres estão sendo cada vez mais cerceadas, transformando suas vidas em uma espécie de prisão, à medida que as restrições aumentam.

A falta de liberdade para as mulheres é uma realidade incontestável no país, conforme enfatizou Mahbouba Seraj, ativista afegã pelos direitos femininos e indicada ao Prêmio Nobel da Paz em 2023, no início deste mês.

Ela ressaltou que as mulheres afegãs estão sendo progressivamente apagadas da sociedade em todos os aspectos, e “suas opiniões, vozes, pensamentos e presença estão sendo silenciados”.

Esta mais recente restrição acontece cerca de um mês após as mulheres serem proibidas de frequentar salões de beleza no Afeganistão. A medida não apenas restringiu ainda mais suas liberdades, mas também causou um impacto econômico significativo nas famílias que contavam com essa atividade como fonte de renda.

Segundo um relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) divulgado em junho, as mulheres enfrentam proibições que abrangem a maioria dos setores de trabalho fora de casa. Além disso, têm restrições quanto a frequentar espaços públicos como banhos, parques e academias. Elas são obrigadas a usar vestimentas longas e escuras que cobrem o rosto e não podem sair de casa sem uma razão específica ou sem a presença de um tutor masculino.

Em março, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) destacou que a crise econômica atinge as mulheres de forma desproporcional no Afeganistão. Segundo a entidade, o emprego feminino teve redução de 25% no quarto trimestre de 2022 em relação ao segundo trimestre de 2021, últimos meses antes de o Taleban assumir o poder. Já os níveis de emprego masculino caíram 7% no mesmo período.

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