OMS identifica 17 patógenos como prioridades para o desenvolvimento de novas vacinas

Lista destaca o longo processo de pesquisa e desenvolvimento de vacinas para problemas como HIV, malária e tuberculose

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News

Um novo estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) lista 17 bactérias, vírus e parasitas que causam doenças regularmente como principais prioridades para o desenvolvimento de novas vacinas.  O estudo é o primeiro esforço global para priorizar sistematicamente patógenos endêmicos com base em seu impacto regional e global na saúde.

Ela reconfirma prioridades de longa data para pesquisa e desenvolvimento (P&D) de vacinas, incluindo para HIV, malária e tuberculose, três doenças que coletivamente causam quase 2,5 milhões de mortes a cada ano.

Também é dada atenção a patógenos como o estreptococo do grupo A, que causa infecções graves e contribui para 280 mil mortes por doença cardíaca reumática, principalmente em países de baixa renda.

Outra nova prioridade é a Klebsiella pneumoniae, uma bactéria que foi associada a 790 mil mortes em 2019 e é responsável por 40% das mortes neonatais devido a infecção sanguínea (sepse) em países de baixa renda. 

Produção de vacinas contra a Covid-19 na Índia em março de 2021 (Foto: Unicef/Dhiraj Singh)
Foco nas necessidades, não no lucro

O novo estudo apoia o objetivo de garantir que todos, em todos os lugares, possam se beneficiar de vacinas que fornecem proteção contra doenças graves.

O objetivo é mudar o foco do desenvolvimento de vacinas dos retornos comerciais para as necessidades de saúde regionais e globais, disse o Dr. Mateusz Hasso-Agopsowicz, da OMS, que trabalha em pesquisa de vacinas.

Ele explicou que, no passado, a P&D de vacinas era tipicamente influenciada pela lucratividade. Como resultado, doenças que afetam severamente regiões de baixa renda receberam pouca atenção.

“Esperamos que isso represente uma mudança crítica, na qual queremos mudar o foco da perspectiva comercial de lucratividade de novas vacinas para o real fardo à saúde, de modo que a pesquisa e o desenvolvimento de novas vacinas sejam impulsionados pelo fardo à saúde e não apenas pelas oportunidades comerciais”, disse ele, falando da Polônia.

Conselhos de especialistas

Para realizar o estudo, a OMS perguntou a especialistas internacionais e regionais o que eles acham importante ao priorizar patógenos para P&D de vacinas. Os critérios incluíram mortes, doenças e impacto socioeconômico, ou resistência antimicrobiana.

“Pedimos a especialistas com experiência em epidemiologia de patógenos, clínicos, pediatras, especialistas em vacinas de todas as regiões da OMS, para garantir que a lista e os resultados que produzimos realmente reflitam as necessidades de diversas populações em todo o mundo”, disse Hasso-Agopsowicz.

A análise dessas preferências, combinada com dados regionais para cada patógeno, resultou nos 10 principais patógenos prioritários para cada uma das seis regiões da OMS no mundo.

As listas regionais foram então consolidadas para formar a lista global, resultando nos 17 patógenos endêmicos prioritários para os quais novas vacinas são urgentemente necessárias.

Para avançar na P&D de vacinas, a OMS categorizou cada patógeno com base no estágio de desenvolvimento da vacina e nos desafios técnicos envolvidos na criação de vacinas eficazes.

Hasso-Agopsowicz disse que o estudo deve orientar futuros investimentos em P&D de vacinas, inclusive por financiadores, pesquisadores e desenvolvedores de vacinas, mas também por formuladores de políticas, pois eles “podem decidir se devem ou não introduzir essas vacinas em programas de imunização”. 

Tags: