A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) terá um novo líder a partir do dia 1º de outubro. Mark Rutte, atual primeiro-ministro da Holanda, foi escolhido nesta quarta-feira (26) para assumir o cargo de secretário-geral no lugar de Jens Stoltenberg, que passou uma década à frente da mais importante organização de segurança global.
Com forte-posicionamento pró-Ucrânia, o premiê holandês foi escolhido com o apoio dos EUA e da Alemanha, segundo a rede ABC News. Conseguiu inclusive derrubar o veto da Hungria, que em troca recebeu a garantia de que não será obrigada a contribuir com os pacotes de ajuda financeira a Kiev em sua guerra contra a Rússia.
A última barreira contra a escolha do holandês caiu quando o presidente romeno Klaus Iohanni retirou sua candidatura. Turquia e Eslováquia, que como a Hungria chegaram a manifestar contrariedade com a escolha, já haviam aberto mão da oposição antes da votação a desta quarta, que atingiu a necessária unanimidade dos 32 membros.

Embora a formalização como líder da aliança esteja marcada para outubro, Rutte será apresentado aos membros na cúpula que acontece entre 9 e 11 de julho em Washington. No anúncio de sua escolho como próximo secretário-geral, recebeu as boas-vindas de Stoltenberg, cujo mandato foi renovado em mais de uma ocasião devido ao momento delicado na segurança internacional, particularmente devido à guerra da Ucrânia.
“Mark é um verdadeiro transatlanticista, um líder forte e um construtor de consenso. Desejo-lhe todo o sucesso à medida que continuamos a fortalecer a Otan para os desafios de hoje e de amanhã. Sei que estou deixando a Otan em boas mãos”, disse o atual líder da aliança a respeito de se sucessor.
De acordo com o jornal The News York Times, Washington chegou a sugerir que Rutte assumisse a Otan antes, mas ele recusou e levou à manutenção de Stoltenberg por mais tempo que o planejado. O premiê holandês tem a seu favor um forte posicionamento anti-Moscou, construído sobretudo após a queda do voo MH17 da Malaysia Airlines sobre o leste do território ucraniano, tragédia atribuída a um ataque de forças separatistas apoiadas pelo Kremlin.
O novo chefe da aliança inclusive compactua com a projeção de muitos dentro da Otan de que a Rússia está disposta a atacar seus membros. Em setembro de 2022, ele afirmou que o presidente russo Vladimir Putin “não irá parar na Ucrânia se não o pararmos agora.” E acrescentou: “Esta guerra é maior que a própria Ucrânia. Trata-se de defender o Estado de direito internacional.”
Também favorece Rutte a boa relação com Donald Trump, construída quando este governou os EUA. Uma qualidade especialmente importante agora, com o norte-americano em condições de voltar ao cargo após as eleições de novembro e declarando-se abertamente hostil à aliança.