Um foguete russo fora de controle reentrou na atmosfera da Terra, após nove dias em órbita, e caiu nesta quarta-feira (5) no Oceano Pacífico, perto da Polinésia Francesa. O artefato havia sido lançado do espaçoporto de Plesetsk no final de dezembro e estava programado para atingir 22 mil milhas acima da superfície, mas sofreu uma falha no disparo dos propulsores e permaneceu orbitando, informou a rede ABC 17 News.
O moderno modelo Angara A-5, que pesa quatro toneladas, é tido como uma peça essencial para as ambições espaciais da Rússia nos próximos anos, principalmente no que diz respeito ao envio de satélites avançados de espionagem e satélites militares de navegação.
O chefe do Escritório de Detritos Espaciais da Agência Espacial Europeia, Holger Krag, comentou o incidente na quarta-feira (5). “Embora fosse altamente improvável que o foguete pudesse causar danos ou ferir alguém, o risco é real e não pode ser ignorado”, alertou Krag.
A maioria dos detritos espaciais queima na reentrada na atmosfera da Terra, representando um risco acentuadamente baixo para os humanos. Mesmo assim, é necessário considerar a possibilidade de que partes maiores possam causar danos se pousarem em regiões habitadas.
Em maio do ano passado, a Nasa endereçou duras críticas à China após um incidente no qual um foguete fora de controle, usado para lançar uma estação espacial chinesa, transformou-se em destroços no fundo do Oceano Índico. O episódio foi classificado pela agência espacial norte-americana como um fracasso em “atender aos padrões responsáveis”.
À rede CNN, a agência espacial russa Roscosmos justificou que o lançamento foi operado pelo Ministério da Defesa da Rússia, que não respondeu imediatamente a um e-mail para comentar o ocorrido.
De acordo com Krag, as práticas internacionais corretas para a reentrada de sucata espacial envolvem controle para que caiam na Terra em áreas desabitadas. “Geralmente em uma parte remota do Oceano Pacífico”, explica o especialista.
No entanto, segundo ele, em média de 100 a 200 toneladas de lixo espacial reentram na atmosfera forma descontrolada anualmente. Até hoje, se tem notícia de que apenas uma pessoa foi atingida por dejetos vindos do espaço – uma mulher
Por que isso importa?
O programa espacial da Rússia tem se afundado em fraudes. Entre elas, um esquema de desvio de milhões de dólares durante a construção do novo cosmódromo (base de lançamento espacial) de Vostochny, no Extremo Oriente, instalação que os russos projetavam como maior trunfo da Roscosmos .
O próprio Kremlin estima que 11 bilhões de rublos (cerca de R$ 780 milhões), mais de 10% do valor destinado a Vostochny, foram roubados. Várias autoridades envolvidas no projeto foram presas.
Em meio ao escândalos, e sob a alegação de proteger os interesses nacionais, a FSB (Agência de Segurança Federal, da sigla em inglês) organizou uma lista contendo informações militares proibidas para estrangeiros, que inclui dados da Roscosmos.
A lista contém 61 itens, incluindo informações confidenciais sobre problemas que “prejudicam o desenvolvimento” da agência, programas-alvo, financiamentos e prazos, além de dados sobre as condições técnicas e prontidão dos cosmódromos e outras instalações espaciais.