ONU alerta para o avanço do Estado Islâmico mesmo após a perda de seus líderes

Subsecretário-geral afirma que grupo extremista abusa dos espaços digitais para recrutar simpatizantes e atrair recursos

O subsecretário-geral do Escritório de Combate ao Terrorismo da ONU (Organização das Nações Unidas), Vladimir Voronkov, afirmou na terça-feira (9) que, apesar de derrota e das sucessivas perdas de líderes, o Estado Islâmico (EI) continua a ser uma ameaça à estabilidade global. Ele falou ao Conselho de Segurança feira em sessão para debater a ameaça representada pelo grupo.

Segundo Voronkov, o risco tem aumentado desde o início da pandemia de Covid-19, há dois anos. Ele disse que “o Daesh (sigla associada ao antigo nome da facção) e seus associados continuam a explorar a dinâmica do conflito, fragilidades de governança e desigualdade para instigar, planejar e organizar ataques terroristas”.

O subsecretário-geral declarou ainda que os militantes seguem abusando dos espaços digitais para intensificar o recrutamento de simpatizantes e atrair recursos. E que a organização terrorista também aumentou significativamente o uso de drones no ano passado.

Membros do grupo jihadista Estado islâmico no Grande Saara (Foto: Divulgação)

Para Voronkov, embora a presença e a atividade do grupo sejam observadas em sociedades afetadas pela violência, o EI e seus afiliados regionais também procuram influenciar ou direcionar ataques em zonas livres de conflito para incitar o medo e projetar força.

“Escritórios” decentralizados do grupo operam no Iraque e na Síria, mas também em outras áreas fora da zona central de combate, sendo os mais ativos no Afeganistão, na Somália e na bacia do Lago Chade, na África.

Voronkov afirmou que os líderes do EI incitam seguidores a cometer ataques e direcionam e controlam o fluxo de fundos para suas afiliadas em todo o mundo. Na Europa, o EI pediu aos simpatizantes que façam ataques aproveitando o vácuo criado pelas restrições da pandemia e o conflito na Ucrânia.

Avanços contraterrorismo

Apesar da ameaça, os esforços conjuntos dos Estados-Membros seguem obtendo resultados positivos, na avaliação do subsecretário-geral. O grupo continua sofrendo perdas significativas na liderança, incluindo o principal líder do movimento em fevereiro. Mais tarde, em maio, o governo da Turquia anunciou a prisão de Abu al-Hassan al-Hashimi al-Quraishi, que seria sucessor no comando da facção.

Voronkov contou que o alto comando do EI detém entre US$ 25 milhões e US$ 50 milhões em ativos. O valor é significativamente menor do que as estimativas de três anos atrás. Por outro lado, ele destacou que o repatriamento de combatentes estrangeiros e seus familiares aos países de origem ainda é limitado.

Milhares de pessoas, incluindo mais de 27 mil crianças do Iraque e cerca de 60 mil em outros países, continuam sujeitas a desafios de segurança e dificuldades humanitárias, agravadas por relatórios recentes de aumento da violência, incluindo dezenas de assassinatos.

Voronkov pediu aos Estados-Membros que considerem as implicações duradouras de não tomar medidas imediatas para lidar com essa situação perigosa.

Repatriação

O subsecretário-geral também reforçou os repetidos apelos do secretário-geral da ONU, António Guterres, para que os países facilitem a repatriação segura, voluntária e digna de todos os indivíduos presos em campos e outras instalações.

Ele observou que a persistente ameaça representada pelo EI, bem como a magnitude desses desafios, ressalta a importância de medidas não militares para combater o terrorismo e lidar com suas consequências”.

Para Voronkov, resolver os conflitos nos quais o EI e seus antecessores da Al-Qaeda se aproveitam, é necessário para criar as condições para sua derrota. Ele explica que é necessário abordar as vulnerabilidades, queixas sociais e desigualdade exploradas pelo grupo em primeiro lugar, além de promover e proteger os direitos humanos e o Estado de direito.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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