Pelo menos 17 corpos de imigrantes são recuperados após naufrágio no Senegal

Episódio entra para a lista de tragédias na rota de migração do Atlântico, que se tornou uma das mais mortais do mundo

Na segunda-feira (24), autoridades senegalesas relataram que pelo menos 17 corpos foram recuperados após um naufrágio próximo a Dacar. O acidente ocorreu por volta das 2h (horário local) no distrito de Ouakam, quando um barco transportando imigrantes em direção às Ilhas Canárias, território espanhol, virou, conforme detalhou o Corpo de Bombeiros. As informações são da agência Associated Press.

O presidente do Senegal, Macky Sall, utilizou o Twitter para expressar seus sentimentos diante da mais recente tragédia envolvendo pessoas desesperadas em uma perigosa jornada marítima rumo à Europa.

“Estou profundamente triste com a perda de cerca de 15 senegaleses no naufrágio de uma piroga [um longo barco de madeira] ao largo da costa de Dakar. Minhas sinceras condolências às famílias e entes queridos das vítimas”, declarou Sall.

De acordo com o grupo de ajuda espanhol Caminando Fronteras, a rota de migração do Atlântico é uma das mais mortais do mundo, resultando em quase 800 pessoas mortas ou desaparecidas no primeiro semestre de 2023.

De uns anos para cá, as Ilhas Canárias têm se tornado um dos principais destinos para aqueles que tentam chegar à Espanha, com um pico de mais de 23 mil migrantes chegando em 2020, conforme relatado pelo Ministério do Interior espanhol.

Os barcos que transportam os migrantes têm origem principalmente em Marrocos, Saara Ocidental e Mauritânia. No entanto, moradores e autoridades observaram um aumento significativo de barcos partindo do Senegal este ano.

Pirogas, canoas tradicionais senegalesas na praia de Ouakam, em Dacar (Foto: WikiCommons)

Na tarde de segunda-feira, um grupo de bombeiros e mergulhadores ainda estava em busca de corpos na área. De acordo com Ndeye Top Gueye, vice-prefeita de Ouakam, embora seja a primeira vez que corpos aparecem nas águas da região, as mortes de migrantes no mar estão se tornando mais frequentes no Senegal.

“Essa não é a primeira vez, é uma ocorrência frequente. O governo precisa tomar medidas contra isso”, afirmou Gueye.

Com uma economia em frangalhos, a situação do país africano de 14 milhões de habitantes piorou depois que o governo entregou os direitos de pesca a barcos da China e da União Europeia (UE).

Sonho de vida melhor

Os migrantes enfrentam uma série de desafios complexos que os levam a correr riscos extremos, viajando em barcos superlotados em direção às Canárias. Fatores como economias em crise, falta de empregos, violência extremista, agitação política e os efeitos da mudança climática contribuem para essa situação.

No Senegal, no mês passado, pelo menos 23 pessoas perderam suas vidas durante semanas de protestos entre apoiadores da oposição e policiais, agravando ainda mais o cenário delicado que leva muitos a buscarem uma vida melhor por meio dessa perigosa jornada marítima.

Ao menos 951 pessoas morreram tentando entrar na Espanha pelo mar, como migrantes ou deslocados, somente no primeiro semestre deste ano, média de aproximadamente cinco mortes por dia. Entre as vítimas estão 49 crianças e 112 mulheres, segundo relatório publicado na quinta-feira (6) pela ONG espanhola Caminando Fronteras.

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