Tensão após suspensão das eleições presidenciais no Senegal preocupa a ONU

Protestos contra o cancelamento do pleito mataram pelo menos três pessoas, e jornalistas estão entre 266 detidos em todo o país

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Escritório da ONU para os Direitos Humanos expressou profunda preocupação com a situação tensa no Senegal, após a suspensão das eleições presidenciais marcadas para 25 de fevereiro. 

Três semanas antes do pleito, o presidente Macky Sall anunciou o cancelamento indefinido da votação justificando que tomava a medida enquanto se aguarda o desfecho de uma investigação por suposta corrupção no Tribunal Constitucional.

Em nota publicada na terça-feira (13), em Genebra, o escritório da ONU aponta relatos de uso desnecessário e desproporcional da força contra manifestantes e restrições ao espaço cívico. Pelo menos três jovens foram mortos em protestos e ao menos 266 pessoas foram presas em todo o país, incluindo jornalistas.

Em entrevista a jornalistas, a porta-voz Elizabeth Throssel fez um apelo às autoridades para que garantam a defesa da longa tradição de democracia e do respeito aos direitos humanos do Senegal. 

Macky Sall, presidente do Senegal (Foto: Presidential Executive Office of Russia/WikiCommons)

O escritório disse que manteve contato com as autoridades para falar da situação, que já tinha sido comentada pelo secretário-geral da ONU. António Guterres exortou a todas as partes que se abstenham da violência e iniciem o diálogo.

A posição do escritório é que sejam conduzidas investigações rápidas, completas e de forma independente para que os autores dos assassinatos sejam responsabilizados. 

Liberdades de expressão, associação e reunião pacífica 

Outro pedido feito às  autoridades senegalesas é que garantam o devido procedimento legal para as pessoas que foram detidas durante os protestos. 

Em meio a tensões crescentes e relatos de novas manifestações o escritório pede que as autoridades respeitem e garantam os direitos humanos, incluindo as liberdades de expressão, associação e reunião pacífica. 

Para o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Turk, o governo deve garantir que o diálogo nacional “seja tão amplo quanto possível e garanta a participação genuína da oposição, mulheres, jovens e grupos marginalizados”.

Uma das maiores preocupações é com o fato de a decisão de adiamento das eleições não ter sido tomada após consultas amplas. Uma razão para inquietação é que a resposta aos protestos tenha sido implementada “com força desnecessária”. 

Para a entidade da ONU é essencial que quaisquer restrições à liberdade de expressão e ao acesso à informação sejam limitadas e impostas estritamente sob o direito internacional. 

Tags: