Durante uma viagem à África na terça-feira (4), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que qualquer instrutor militar francês na Ucrânia seria considerado um “alvo legítimo” pelas forças de Vladimir Putin. A declaração foi feita durante uma conferência de imprensa conjunta com o ministro dos Negócios Estrangeiros da República Democrática do Congo, Jean Claude Gakosso. As informações são da agência Associated Press.
Lavrov indicou que os instrutores franceses possivelmente já estão presentes em território ucraniano, sugerindo que a França poderia enviar pessoal militar para treinar as tropas do país invadido. Ele enfatizou que, para as Forças Armadas russas, tanto oficiais militares quanto mercenários “seriam considerados alvos legítimos, independentemente do seu status”.
Na semana passada, o principal comandante da Ucrânia anunciou que havia assinado os documentos necessários para permitir que instrutores militares franceses tivessem acesso aos centros de treinamento ucranianos em breve. Por outro lado, o presidente francês, Emmanuel Macron, declarou na semana passada que não comentaria sobre “rumores ou decisões potenciais”. Ele afirmou que detalharia o apoio da França durante as celebrações do 80º aniversário do Dia D no final desta semana.

O gabinete de Macron recusou responder aos comentários de Lavrov. Na terça-feira, Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, afirmou que os instrutores que treinam as tropas do governo em Kiev “não têm imunidade”, independentemente de sua nacionalidade.
Lavrov tem visitado frequentemente a África para reforçar o apoio russo durante a guerra contra Kiev. Muitos países africanos, frustrados com parceiros ocidentais como França e EUA, estão buscando ajuda de Moscou contra insurgências islâmicas. Lavrov também rejeitou a próxima conferência de paz na Ucrânia, que ocorrerá na Suíça, pois a Rússia não foi convidada.
Ao dizer que o evento “não tem significado”, o principal diplomata russo também fez pouco caso da conferência de paz sobre a Ucrânia, prevista para o final do mês na Suíça, afirmando que a Rússia não foi convidada e insistindo que qualquer discussão deve começar com as “realidades” no terreno. Atualmente, Moscou ocupa cerca de 18% do território ucraniano.
A Suíça anunciou que mais de 80 delegações confirmaram presença na conferência. A China, que tem estreitado relações com Moscou, informou na semana passada que não estará presente.
Em sua agenda, Lavrov visitou a Guiné na segunda-feira, seguido pela República Democrática do Congo. Na terça-feira à noite, pelo horário local, ele chegou a Burkina Faso para se encontrar com o líder do país, capitão Ibrahim Traore. Ele era esperado no Chade nesta quarta-feira à tarde, repercutiu a agência Al Jazeera.