O Reino Unido e a Alemanha decidiram intensificar a colaboração militar e avançar no desenvolvimento de armamentos sofisticados, em uma ação que evidencia a crescente preocupação na Europa com as ameaças à segurança global, especialmente vindas da Rússia. O acordo representa a primeira colaboração formal de defesa entre os dois aliados da aliança militar, que foram arquiinimigos durante a Segunda Guerra Mundial. As informações são do The New York Times.
Com o pacto, aviões de caça a submarinos da Alemanha iniciarão em breve patrulhas no Atlântico Norte a partir de uma base na Escócia. Eles realizarão exercícios militares conjuntos na fronteira leste da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) com a Rússia e protegerão cabos subaquáticos que transportam dados sob o Mar do Norte, vitais para a comunicação e o fornecimento
de energia em toda a Europa.
Os aviões alemães P-8, são capazes de detectar e destruir submarinos, e as aeronaves P-3C Orion, irão operar periodicamente a partir da Escócia e terão a missão de monitorar as águas do Atlântico Norte, onde a atividade naval da Rússia tem aumentado.

O Acordo Trinity House tem como objetivo fortalecer a segurança europeia ao melhorar a cooperação na proteção de infraestrutura e aumentar as capacidades de ataque de longo alcance.
“Hoje é um dia significativo para as relações entre o Reino Unido e a Alemanha e para a história de nossos dois países”, afirmou o secretário de Defesa para o Reino Unido, John Healey, durante uma coletiva de imprensa ao lado do ministro da Defesa alemão, Boris Pistorius.
Ele ressaltou que a necessidade de a Europa reforçar sua segurança e o papel mais ativo do Reino Unido na aliança atlântica “é a força motriz por trás da nossa estratégia de defesa do Reino Unido, com prioridade na Otan, e da nossa redefinição das relações do Reino Unido com a Europa”.
As autoridades destacam que as novas medidas garantirão uma defesa forte e coordenada. Pistorius afirmou que, em caso de ataque, “a preparação para lutar e vencer é essencial”. Ele também alertou que a segurança na Europa não deve ser considerada garantida, dada a guerra da Rússia contra a Ucrânia e seus aumentos na produção de armas, além de ataques híbridos contra parceiros na Europa Oriental.
O embaixador da Alemanha no Reino Unido, Miguel Berger, afirmou à Times Radio que fortalecer o relacionamento transatlântico e a Otan “sempre foi fundamental” para os políticos alemães. Ele ressaltou que, diante dos desafios atuais e da expectativa expressa pelo Congresso e pela administração dos EUA, é fundamental que a Europa fortaleça suas próprias capacidades e o pilar europeu dentro da aliança militar. Berger destacou que isso é o que estão fazendo ao expandir essa cooperação.
O governo britânico, que já havia firmado um acordo de defesa com a França em 2010, afirmou que o novo pacto com a Alemanha “completará um triângulo de acordos” entre as forças armadas mais capacitadas da Europa.
Chefe da Otan saúda pacto
O secretário-geral da Otan, Mark Rutte, celebrou nesta quarta-feira (23) o novo acordo de defesa entre o Reino Unido e a Alemanha, destacando que isso fortalecerá o apoio da aliança militar à segurança da Ucrânia.
Durante uma visita a um grupo de batalha da aliança militar na Estônia, Rutte afirmou: “A Otan continuará a intensificar nossa dissuasão e defesa e a aumentar nosso apoio à Ucrânia porque a segurança da Ucrânia é a nossa segurança.”
Ele ressaltou a importância da defesa coletiva da Otan em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, afirmando: “Não se trata apenas da Estônia no flanco oriental. Trata-se de todos nós juntos”.