Novo líder da Otan reafirma compromisso com a Ucrânia e alivia preocupações com Trump

Mark Rutte afirmou que está preparado para colaborar com o próximo presidente dos EUA, independentemente de ser Donald Trump ou Kamala Harris

Recém-empossado, o novo chefe da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Mark Rutte, reiterou seu forte-posicionamento pró-Ucrânia e disse que não está preocupado com as eleições nos EUA. Ele afirmou que pode trabalhar tanto com Donald Trump quanto com Kamala Harris, independentemente de quem vencer. As informações são da Reuters.

Rutte, que foi primeiro-ministro da Holanda, assumiu o cargo de secretário-geral da aliança militar nesta terça-feira (1º), substituindo Jens Stoltenberg, pouco antes da eleição presidencial dos EUA em 5 de novembro, onde a democrata Kamala enfrentará o ex-chefe republicano da Casa Branca, que já criticou duramente a Otan.

“Mark tem todas as qualificações para ser um excelente secretário-geral”, afirmou Stoltenberg, visivelmente emocionado ao encerrar seus 10 anos no cargo. “Ele foi primeiro-ministro por 14 anos e liderou quatro diferentes governos de coalizão, o que lhe deu experiência em fazer concessões e construir consensos, habilidades que são altamente valorizadas na Otan”, acrescentou Stoltenberg.

Mark Rutte, então primeiro-ministro da Holanda, e o secretário-geral da Otan na ocasião, Jens Stoltenberg, julho de 2023 (Foto: Otan/Flickr)

Rutte minimizou as preocupações dentro da Otan sobre o pleito nos EUA, o principal membro da aliança. Em conversa com jornalistas, ele declarou: “Não estou preocupado”. Rutte destacou que trabalhou com Trump por quatro anos e reconheceu que foi o ex-presidente quem pressionou os países a aumentarem os gastos com defesa, o que teve sucesso, já que os níveis de investimento em defesa estão muito mais altos do que quando o republicano assumiu a presidência.

De acordo com a Otan, 23 dos seus 32 países membros alcançarão neste ano a meta de investir pelo menos 2% do PIB em defesa. Há dez anos, apenas três países atingiam esse objetivo. Embora parte desse aumento possa ser atribuída à pressão exercida por Trump enquanto ocupou a cadeira na Casa Branca, outro fator importante foi a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, que também impulsionou os gastos com defesa.

Rutte concordou que Trump estava correto ao pressionar a Otan a dar mais atenção à China, que ele descreveu como uma “facilitadora decisiva” do esforço de guerra da Rússia na Ucrânia, fornecendo tecnologia crucial a Moscou. Além disso, Rutte elogiou Kamala Harris, destacando seu “histórico fantástico como vice-presidente” e afirmando que ela é uma “líder altamente respeitada”.

Quando questionado sobre se a Ucrânia está vencendo a guerra, Rutte evitou dar uma resposta direta. Ele afirmou que a situação no campo de batalha é “difícil” e reconheceu que a Rússia teve alguns avanços “limitados” este ano, mas com um alto custo, já que as estimativas indicam que cerca de mil soldados russos são mortos ou feridos diariamente. Rutte ressaltou: “Precisamos garantir que a Ucrânia prevaleça como uma nação soberana, independente e democrática”.

Os desafios

Rutte assume o cargo de principal autoridade civil da Otan enquanto a invasão em larga escala da Ucrânia pela Rússia se aproxima de mil dias.

As forças russas continuam avançando no leste da Ucrânia, enquanto o exército ucraniano mantém um controle frágil sobre parte da região de Kursk, na Rússia, o que trouxe um aumento temporário no moral. No entanto, com o aumento das baixas, o exército ucraniano permanece em desvantagem tanto em número de soldados quanto em armamento.

Rutte enfrentará o desafio de encontrar novas formas de fortalecer o apoio à Ucrânia entre os aliados da aliança transatlântica, que agora somam 32 países após a adesão da Finlândia e Suécia, que buscaram proteção contra a Rússia desde o início da invasão.

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