O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na terça-feira (24) que a China está novamente apta a comprar petróleo do Irã, colocando em dúvida a manutenção das sanções impostas à exportação do combustível iraniano. O anúncio foi feito horas depois de o chefe de Estado ter intermediado um cessar-fogo entre Israel e Teerã, encerrando semanas de confrontos. As informações são do jornal South China Morning Post.
“A China pode agora continuar a comprar petróleo do Irã. Espero que eles também comprem bastante dos Estados Unidos. Foi uma grande honra fazer isso acontecer!”, publicou Trump em sua rede social.

Entretanto, um alto funcionário da Casa Branca citado pelo jornal Financial Times disse que o presidente não reverteu quaisquer sanções com a declaração. “O presidente estava simplesmente chamando a atenção para o fato de que, por causa de suas ações decisivas para destruir as instalações nucleares do Irã e intermediar um cessar-fogo entre Israel e Irã, o Estreito de Ormuz não será afetado, o que teria sido devastador para a China”, disse a fonte.
Segundo a Agência de Informação de Energia (EIA) dos EUA, cerca de 20 milhões de barris de petróleo passam diariamente pelo Estreito de Ormuz, o que representa aproximadamente um quinto do consumo global de líquidos petrolíferos. Esse fluxo permaneceu estável até o primeiro trimestre de 2025.
Apesar do desmentido, a fala de Trump teve efeitos práticos, com o preço do petróleo bruto dos EUA caindo mais de 5% logo após o anúncio. Segundo o Departamento de Estado americano, a China é o maior comprador de petróleo iraniano, e as autoridades dos EUA alegam que o país asiático contorna as sanções por meio de rotas não oficiais para disfarçar a origem do produto.
Desde o início do segundo mandato de Trump, Washington já impôs sanções a três refinarias independentes da China, além de companhias de transporte marítimo e financeiras em Hong Kong, Singapura e Emirados Árabes Unidos.
Beijing reagiu por meio de Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, que minimizou tanto a fala de Trump quanto as sanções. “A China tomará medidas legítimas para proteger sua segurança energética com base em seus próprios interesses nacionais”, limitou-se a dizer.