A Síria divulgou os primeiros resultados do seu novo parlamento, mostrando baixa participação feminina e de minorias, evidenciando desafios de inclusão após a queda do regime de Bashar al-Assad, que comandou com mão de ferro por mais de cinco décadas através do partido Baath. O processo, conduzido de forma indireta, marca um momento histórico, mas levanta dúvidas sobre transparência e representatividade. As informações são da agência Reuters.
Na eleição realizada no domingo (5), cerca de 6.000 membros de colégios eleitorais regionais escolheram candidatos de listas pré-aprovadas, definindo quase dois terços dos 210 assentos da Assembleia Popular. O terço restante será nomeado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa.

Segundo levantamento da Reuters, apenas seis parlamentares eleitos são mulheres. Quatro representam minorias religiosas, incluindo um cristão, um muçulmano ismaelita e dois alauítas. Outros seis pertencem a minorias étnicas: três turcomanos e três curdos, sendo uma mulher.
Analistas apontam preocupações sobre a predominância masculina e sunita, o curto prazo para recursos e a suspensão de eleições em áreas fora do controle do governo, como Sweida e regiões curdas, deixando 21 cadeiras vagas. As autoridades justificam a votação indireta pela ausência de dados populacionais confiáveis após quase 14 anos de guerra civil, que deslocaram milhões de sírios.
Os 70 parlamentares nomeados por Sharaa terão papel decisivo na definição da diversidade e inclusão no parlamento. Historicamente, sob Assad, o parlamento tinha 250 cadeiras, com dois terços reservados ao Partido Baath. A presença feminina também sempre foi baixa, variando entre 6% e 13% desde 1981, segundo dados da União Interparlamentar.
Os resultados preliminares indicam que a Síria enfrenta desafios significativos para construir uma representação política plural e inclusiva. A forma como o processo eleitoral será conduzido nos próximos meses será decisiva para o futuro político do país.