Al-Qaeda aterroriza caminhoneiros na única rodovia que liga o Marrocos ao Mali

Rebeldes armados fizeram do corredor um lugar traiçoeiro, colocando em risco a vida dos transportadores que cruzam os 3,7 mil quilômetros de sua extensão

A presença de jihadistas na rota entre o Marrocos e a África Subsaariana tem aterrorizado caminhoneiros que levam mercadorias pela única rodovia que liga o país do norte à capital do Mali, Bamako. Rebeldes armados, supostamente membros do Grupo de Apoio ao Islã e aos Muçulmanos (GSIM, na sigla em francês), organização extremista ligada à Al-Qaeda, fizeram do corredor um lugar traiçoeiro e que coloca em risco a vida dos transportadores que cruzam os 3,7 mil quilômetros de sua extensão. As informações são do site Hola News.

O perigo tornou-se evidente no começo de setembro, quando um caminhoneiro e seu companheiro, ambos marroquinos, foram mortos por supostos insurgentes do GSIM. Eles trafegavam em um comboio de caminhões que transportava peixes e frutas do Marrocos para Bamako, quando o veículo que estavam foi atacado por quatro homens armados na cidade de Didieni, no sudoeste do Mali.

Mohamed Ouakrim, um motorista marroquino também ferido no atentado, relatou à agência EFE que testemunhou a ação. “Ele morreu ao meu lado”, contou por telefone de um hospital em Bamako, onde tratava o ferimento causado por um tiro na perna. “Quando a bala me atingiu, eu saí do caminhão. Eu estava em estado de choque, não entendia o que estava acontecendo. Eles nos atacaram da floresta e depois saíram para examinar os danos causados​​”, detalhou o motorista.

Rebeldes em rodovia no Mali colocam em risco a vida de caminhoneiros que fazem a rota de Marrocos ao país (Foto: BluesyPete/WikiCommons)

Segundo Oukraim, após o ataque, os extremistas não retiraram mercadorias dos caminhões, o que descarta a hipótese de roubo de carga. O caminhoneiro acredita que os jihadistas cometeram algum erro, já que, até então, nunca haviam atacado um comboio.

Nenhum grupo no Mali reivindicou a autoria, embora o GSIM tenha assumido a responsabilidade por um ataque semelhante em 28 de setembro na mesma localidade, quando 11 caminhões senegaleses foram destruídos e cinco policiais malianos foram mortos. Também conhecido pelo nome em árabe Jamaat Nasr al-Islam wal Muslimin (JNIM), o grupo lidera a principal rede jihadista do Sahel.

Retaliação à ONU

Dependendo da época do ano, uma frota entre 1,3 mil e 1,8 mil caminhões marroquinos percorrem o corredor Marrocos/África Subsaariana.

A ameaça terrorista aos comboios não atinge só os transportadores marroquinos, como também os profissionais que ligam o Mali aos portos senegaleses, de onde provêm 60% das importações do país.

Um oficial do Mali explicou à reportagem que os rebeldes executam ataques diários contra os caminhões que circulam entre as cidades do Mali e países vizinhos. “São muitos os casos e ninguém indeniza os donos”, descreve Youssouf Traoré.

De acordo com Traoré, a motivação para os ataques seria neutralizar os caminhoneiros que abastecem a Minusma (Missão de Estabilização Integrada Multidimensional da ONU), alvo dos terroristas, especialmente dos leais à Al-Qaeda.

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