Após 30 anos, Marrocos fura trégua em disputa por vizinho Saara Ocidental

Exército marroquino lançou operação militar em faixa sob patrulha da ONU após alegar "provocações"

A frágil trégua de 30 anos nas tensões entre o Marrocos e a Frente Polisário no Saara Ocidental foi rompida novamente na última quinta-feira (12) informou o norte-americano “The New York Times”.

O exército marroquino teria lançado uma operação militar em uma faixa de proteção, na região de Guerguerat, sob patrulha da ONU (Organização das Nações Unidas), ao alegar “provocações” de membros da Frente Polisário.

A tensão aumentou no dia 21 de outubro, quando a Frente Polisário teria bloqueado a passagem da rodovia que liga o Marrocos à Mauritânia. O local possui um intenso fluxo de pessoas e mercadorias.

Cresce tensão entre Marrocos e Frente Polisário no Saara Ocidental
Viatura da ONU em patrulha na Saara Ocidental, ao nordeste da África (Foto: UN Photo/Martine Perret)

Imediatamente, o ministério de Relações Exteriores marroquino acusou o grupo de realizar “atos de banditismo” e “assédio” às forças da ONU na região. Os separatistas consideram a rodovia ilegal e alegam que a construção do acesso violou a trégua de 1991.

A Frente Polisário reivindica a independência do território desde 1975, quando o Marrocos o anexou após a queda da Coroa Espanhola na região.

Em 1991, após uma resistência armada intensa entre a frente e o governo do Marrocos, uma mediação da ONU possibilitou o cessar-fogo.

Risco de ruptura

As autoridades marroquinas não especificaram quantas tropas atuam no “cordão de força” desde a última quinta (12), mas membros da Frente Polisário já acusam o exército de Rabat de atirar em civis que protestavam pacificamente perto de local. Não há confirmação de mortos ou feridos.

Na sexta (13), o Marrocos informou à ONU sobre seus planos militares contra a região. “Não há outra escolha a não ser assumir a responsabilidade para pôr fim ao impasse”, disse um comunicado do Ministério de Relações Exteriores.

No mesmo dia, o porta-voz das Nações Unidas, Stephane Dujarric, expressou “grande preocupação” com a possível escalada de conflitos na região. Segundo ele, a ONU continua abordando múltiplas iniciativas para evitar uma piora na situação local.

O ex-presidente alemão, Horst Kohler, que mediava o conflito pela ONU na região desde agosto de 2017, deixou a região em março do ano passado ao alegar problemas de saúde.

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