Cerca de 30 pessoas morreram em um ataque ocorrido na região leste da RD Congo, no sábado (4). Nenhum grupo assumiu oficialmente a responsabilidade pela ação, mas acredita-se que os autores sejam membros da ADF (Forças Democráticas Aliadas, na sigla em inglês), grupo islamista armado de Uganda que se diz associado ao Estado Islâmico (EI). As informações são da rede Voice of America (VOA).
Os extremistas invadiram um vilarejo da cidade de Oicha, na província de Kivu do Norte, com facões tacos de madeira e pedaços de metal, segundo testemunhas.
Malielo Omeonga, que mora na aldeia atacada, disse que foi acordado pelo filho no comço do ataque. “Demorei a sair da cama e, na pressa, meu filho correu e caiu na emboscada da ADF. Portanto, meu filho está morto e estou aqui pela graça de Deus”, disse ele.
“É uma devastação total. As pessoas estão fugindo para todos os lados”, disse Christophe Munyanderu, do grupo congolês de ajuda humanitária Convenção pelo Respeito dos Direitos Humanos.
Em meados de agosto, soldados das forças especiais dos Estados Unidos foram enviados à RD Congo para ajudar no combate ao terrorismo islâmico. A missão dos norte-americanos é prestar consultoria para que o país africano forme uma unidade antiterrorismo.
De acordo com o presidente congolês Felix Tshisekedi, as tropas enviadas por Washington “apoiam o exército na luta contra o terrorismo, bem como [apoiam] as patrulhas dos parques nacionais de Virunga e Garamba, que se tornaram um santuário para as forças terroristas”.
Por que isso importa?
A ADF é acusada de matar milhares de pessoas desde 2014, a maioria em áreas remotas. Em junho, 57 pessoas foram assassinadas pelo grupo em vilarejos. Os extremistas entraram para a lista de terrorismo dos EUA em março deste ano, classificados como terroristas.
A organização declarou publicamente ser um braço do Estado Islâmico (EI), que, por sua vez assumiu responsabilidade por alguns de seus ataques. No entanto, um relatório divulgado em junho aponta que especialistas da ONU (Organização das Nações Unidas) afirmam não haver evidências de apoio direto do EI ao ADF.
Em maio deste ano, Tshisekedi decretou estádio de sítio após dois anos de intensa violência. Mas a decisão foi infrutífera. Desde então, a atuação das milícias tem se intensificado, segundo dados da organização Kivu Security Tracker, que mapeia a violência na região.
No Brasil
Casos mostram que o país é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, um levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.
Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.
Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.