Os EUA incluíram dois novos grupos extremistas à sua lista de terroristas nesta quinta (11). Passam a integrar a relação as ADF (Forças Democráticas Aliadas), da República Democrática do Congo, e o Ahlu Sunnah Wa-Jama, de Moçambique.
Os líderes Seka Musa Baluku e Abu Yasir Hassan, respectivamente, também entram na lista de terroristas globais por suas ligações com o EI (Estado Islâmico), diz o anúncio do Departamento de Estado dos EUA.
A designação impede viagens de membros dos grupos aos EUA e congela qualquer bem registrado no país, além de proibir e criminalizar cidadãos norte-americanos que fizerem negócios ou fornecerem apoio aos grupos ou seus líderes.
O nome dado por Washington aos grupos formalmente é ISIS-RDC e ISIS-Moçambique – em alusão à relação dos terroristas com o EI.
Em comunicado, o Departamento de Estado afirma que a organização jihadista congolesa já havia anunciado a criação de uma “Província Islâmica da África Central” em abril de 2019. Analistas apontam que a pandemia pode ter facilitado a expansão do grupo.
Embora sejam associadas, as unidades da República Democrática do Congo e de Moçambique pertencem a grupos distintos, com origens distintas. “[Ambos] cometeram ou oferecem alto risco de cometer atos de terrorismo”, de acordo com o comunicado dos EUA.
Terrorismo regional
Ativa na República Democrática do Congo desde 1990, a ADF é responsável por uma onda de ataques e represálias contra civis desde o início de uma operação do Exército local contra seus líderes, no final de 2019.
O grupo matou pelo menos 140 pessoas em ataques quase semanais no leste congolês desde o início do ano, disse a Reuters. Uma estimativa da ONU (Organização das Nações Unidas) aponta que o grupo matou cerca de 850 civis em 2020.
Já o Ahlu Sunnah Wa-Jama iniciou seus ataques em Moçambique ainda em 2017. A colaboração do EI, a partir de 2019, ajudou o grupo a expandir sua atuação na província de Cabo Delgado, no norte moçambicano.
Militantes do grupo tornaram-se conhecidos por ações violentas contra civis. Há registro de decapitações, avanço sobre postos de extração de gás natural e aumento exponencial de mortes e deslocamentos da população local desde o início de 2020.