Ataque mata 14 combatentes de milícia armada ligada ao governo em Burkina Faso

Ação ocorre em meio a uma escalada de violência que fez crescerem as críticas ao presidente Roch Marc Kabore e levou a pedidos de renúncia

Um grupo de insurgentes matou ao menos 14 integrantes de uma milícia armada ligada ao governo no norte de Burkina Faso. Em um comunicado divulgado na quinta-feira (9), o governo afirmou que o ataque ocorreu a cerca de 10 quilômetros da cidade de Titao, para onde se dirigiam os combatentes civis a fim de reforçar as defesas da região. As informações são a agência cataria Al Jazeera.

Os mortos eram membros do grupo Homeland Defense Volunteers (Voluntários de Defesa Nacional, em tradução literal), que é financiado e treinado pelo governo nacional para ajudar a enfrentar grupos armados ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico (EI). Nenhuma facção assumiu a autoria do ataque.

A ação ocorre em meio a uma escalada de violência que fez crescerem as críticas ao presidente Roch Marc Kabore, acusado de não conseguir lidar com a crise de segurança que matou milhares de pessoas e forçou milhões a deixarem suas casas. No final de novembro, uma grande manifestação popular pediu a renúncia do líder.

A crise política levou o primeiro-ministro Christophe Joseph Marie Dabire a renunciar ao cargo, na última quarta-feira (8), o que derrubou todo o governo, conforme estipulado por lei.

Combatentes voluntários do VDP de Burkina Faso (Foto: reprodução/Facebook)

Também na quinta-feira (9), os exércitos de Burkina Faso e do vizinho Níger emitiram um comunicado conjunto no qual afirmam terem neutralizado cerca de cem combatentes de grupos extremistas que atuavam na região da fronteira entre os dois países.

O texto diz que as ações militares ocorreram entre os dias 25 de novembro e 9 de dezembro. Além dos cem mortos, cerca de 20 “terroristas” foram presos, e duas bases foram desmontadas, uma em Kokoloukou, no oeste do Níger, e outra em Yeritagui, no leste de Burkina Faso.

Por que isso importa?

Burkina Faso convive desde 2015 com a violência de grupos ligados à Al-Qaeda e ao EI, insurgência que levou a um conflito com as forças de segurança e matou mais de duas mil pessoas. Grupos armados lançam ataques ao exército e a civis, desafiando também a presença de tropas francesas e internacionais.

Os ataques costumavam se concentrar no norte e no leste, mas agora estão se alastrando por todo o país. O pior ataque jihadista já registrado em Burkina Faso ocorreu em 5 de junho, quando insurgentes incendiaram casas e atiraram em civis ao invadirem a vila de Solhan, no norte. Na ocasião, 160 pessoas morreram.

Nos últimos meses, a violência retornou após um período de trégua e relativa calmaria, fruto de negociações entre o governo e organizações extremistas em razão da eleição presidencial do ano passado. Atualmente, nota-se o ressurgimento inclusive de postos de controle comandados por rebeldes, que forçam os cidadãos a se identificarem sob a ameaça de sequestro.

Desde que o conflito teve início, os ataques de ambas organizações extremistasgeraram uma crise humanitária que forçou mais de 1,5 milhão de pessoas a fugirem de suas casas. Estima-se que quase 5 milhões de pessoas sofram de insegurança alimentar, com quase 3 milhões em situação de insegurança alimentar aguda.

No Brasil

Casos mostram que o Brasil é um “porto seguro” para extremistas. Em dezembro de 2013, levantamento do site The Brazil Business indicava a presença de ao menos sete organizações terroristas no Brasil: Al Qaeda, Jihad Media Battalion, Hezbollah, Hamas, Jihad Islâmica, Al-Gama’a Al-Islamiyya e Grupo Combatente Islâmico Marroquino.

Em 2001, uma investigação da revista VEJA mostrou que 20 membros terroristas de Al-Qaeda, Hamas e Hezbollah viviam no país, disseminando propaganda terrorista, coletando dinheiro, recrutando novos membros e planejando atos violentos.

Em 2016, duas semanas antes do início dos Jogos Olímpicos no Rio, a PF prendeu um grupo jihadista islâmico que planejava atentados semelhantes aos dos Jogos de Munique em 1972. Dez suspeitos de serem aliados ao Estado Islâmico foram presos e dois fugiram. Saiba mais.

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