Casos de violência de gênero mais que dobraram com conflito no Sudão

Ano começou com 6,7 ​​milhões de pessoas precisando de serviços relacionados à questão, aumento de mais de 100% desde o início da crise

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A ONU Mulheres destaca que as sudanesas sofrem “desafios inimagináveis” no país africano em novo relatório sobre o impacto do conflito que segue para o segundo ano.

Na publicação apesentada esta sexta-feira, em Genebra, a agência confirma o aumento do risco da violência sexual enfrentado por mulheres e novos relatos de casos tanto da prática como de outros abusos relacionados ao conflito.

Serviços de violência de gênero tiveram alta de 100%

O total de pessoas precisando de serviços de atendimento à violência de gênero aumentou em 100% para 6,7 milhões até dezembro desde a eclosão do conflito. Estima-se que o número seja ainda maior atualmente e a maioria envolve mulheres.

Com os níveis atuais de violência, em particular em áreas como Cartum, Darfur e Cordofão, as mulheres e meninas ficaram mais expostas a casos de agressão relacionada a conflitos, bem como à exploração sexual e ao abuso.

Uma família chega ao centro de trânsito do ACNUR, perto do ponto de fronteira de Joda em Renk, no Sudão do Sul (Foto: Acnur/Charlotte Hallqvist)

Até 5,8 milhões de deslocadas internas estão em situação de fragilidade, considerando o crescimento de casos de abusos não relatados devido à falta de apoio adequado e ao medo de estigma e retaliação.

Mais de 160 mil mulheres grávidas

Com a piora da situação humanitária há mais mulheres e meninas afetadas. Em dez estados, pelo menos 64% das famílias chefiadas por mulheres enfrentam insegurança alimentar, em comparação com 48% das lideradas pelos homens.

Segundo a ONU Mulheres, outro dado preocupante é a existência de mais de 160 mil mulheres grávidas que “provavelmente terão que dar à luz sem serviços adequados”.

A agência cita informações da ONG Médicos Sem Fronteiras revelando que muitas unidades de saúde tentam de manter operacionais, mesmo com os recursos cada vez mais escassos.

Desde o início dos confrontos entre o Exército sudanês e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) em abril do ano passado, vários milhões de sudaneses foram deslocados.

O conflito também deixou cerca de metade da população do país africano enfrentando níveis extremos de fome.

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