Ciclone Batsirai deixa pelo menos dez mortos e milhares de desabrigados em Madagascar

Devastação causada por Batsirai agravou o sofrimento causado pela passagem da tempestade tropical Ana há duas semanas

O ciclone tropical Batsirai causou estragos em Madagascar no fim de semana, na segunda tempestade mortal a atingir a nação insular africana desde o início do ano. Ao menos dez pessoas morreram em virtude do evento climático, com outras milhares de desabrigadas em todo o país.

O Batsirai atingiu a costa na noite de sábado (5), com ventos de até 165 quilômetros por hora e rajadas de vento de até 230 quilômetros por hora. Os distritos mais afetados são os de Nosy Varika, Mananjary e Manakara, de acordo com os primeiros relatórios.

Com mais de 43 mil recém-deslocados em cerca de 180 locais e pelo menos 211 escolas afetadas, as equipes da ONU (Organização das Nações Unidas) estão trabalhando com as autoridades nacionais para fornecer ajuda e apoio de emergência, disse o relatório inicial da situação publicado na segunda-feira (7) pelo escritório de assuntos humanitários da ONU, o Ocha.

Espera-se que os números impactados aumentem nos próximos dias, à medida que mais informações se tornarem disponíveis, inclusive para áreas de difícil acesso que ainda não apresentaram relatórios iniciais sobre danos e perda de vidas sofridas.

O governo estima que até 600 mil podem ser afetados pelo Batsirai em geral, e o número de deslocados pode subir para 150 mil. O PMA (Programa Alimentar Mundial) diz que cerca de 1,64 milhão estão em nível de crise ou pior, quando se trata de insegurança alimentar.

Cena do alagamento de janeiro de 2022 em Antananarivo, Madagascar (Foto: Unicef)

O vento e as chuvas do ciclone tropical Batsirai causaram danos consideráveis ​​a estradas e ligações de transporte, deixando algumas das áreas mais atingidas inacessíveis. Pelo menos 19 estradas e 17 pontes foram cortadas.

“A devastação causada por Batsirai agravou o sofrimento causado pela passagem da tempestade tropical Ana e uma Zona de Convergência Intertropical em Madagascar há menos de duas semanas”, observou o Ocha.

A tempestade tropical Ana deixou 55 mortos e afetou 132 mil pessoas, incluindo 15.152 pessoas que permanecem deslocadas, com 14.938 delas abrigadas temporariamente em 68 centros em toda a região de Analamanga. O governo declarou estado de emergência em 27 de janeiro.

Em Moçambique

O ciclone entrou agora no canal de Moçambique, onde se desloca para sul e afastando-se da terra. Ele perdeu muito de sua força e foi classificado como Depressão Pós-Tropical ex-Batsirai na segunda (7), disse o Ocha. O governo ativou esforços de busca e resgate no domingo (6), incluindo uma operação de resgate de helicóptero em algumas áreas.

As avaliações da ONU começaram com o Serviço Aéreo Humanitário da ONU (UNHAS) realizando uma primeira avaliação aérea. Isso será complementado por avaliações de necessidades multissetoriais por equipes no terreno nos próximos dias, que fornecerão uma visão mais abrangente da situação e ajudarão a informar as prioridades de resposta nos próximos dias.

O governo está fornecendo transferências de dinheiro para famílias vulneráveis ​​afetadas pelo ciclone, enquanto parceiros humanitários enviaram equipes de emergência e estão aumentando suas respostas, disse o Ocha.

O PMA começou a distribuir refeições quentes para quatro mil pessoas evacuadas e deslocadas em abrigos, em coordenação com as autoridades nacionais. Pasqualina DiSirio, diretora nacional do PMA Madagascar, disse que cerca de 150 mil pessoas foram afetadas até agora, “mas esses números podem aumentar facilmente”.

“Temos agora, águas paradas aumentando nos canais, nos rios, e as pessoas ainda estão em perigo. Sabemos com certeza que os campos de arroz, que as plantações de arroz serão danificadas. Esta é a principal cultura para os malgaxes e eles vão ser seriamente afetado na segurança alimentar nos próximos três a seis meses se não fizermos algo imediatamente e não os ajudarmos a se recuperar”.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente em inglês pela ONU News

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