Congoleses contratam mercenários romenos para combater rebeldes do M23, diz Ruanda

Governo local recorre a empresas militares privadas para conter o grupo rebelde, que tomou a cidade estratégica de Goma

Mais de 280 homens, identificados como mercenários romenos, se renderam aos rebeldes do M23 na República Democrática do Congo. Segundo comunicado das Forças de Defesa de Ruanda (RDF), os combatentes estavam lutando ao lado das Forças Armadas congolesas e agora estão sendo levados para Kigali. As informações são da revista Newsweek.

O governo congolês vem recorrendo a empresas militares privadas para conter o avanço do M23, grupo rebelde liderado por tutsis que tomou a cidade estratégica de Goma em 27 de janeiro. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Romênia, os mercenários fazem parte de uma força privada liderada pelo militar Horațiu Potra e estavam no país para treinar soldados congoleses.

Veículos blindados romenos durante desfile militar em dezembro de 2009 (Foto: Constantin Barbu/WikiCommons)

Enquanto isso, a comunidade internacional observa a crise com preocupação. A ONU (Organização das Nações Unidas) e os Estados Unidos acusam Ruanda de fornecer apoio direto ao M23. Embora desminta o apoio aos rebeldes, Kigali admite que tem presença militar no leste do Congo e alega razões de segurança.

O diplomata ruandês Arthur Asiimwe, em publicação na rede social X, antigo Twitter, defendeu a postura do país, afirmando que Ruanda precisou adotar medidas defensivas diante da situação. “Um coquetel de milícias sanguinárias combinado com mercenários europeus e exércitos alugados… qualquer governo sério teria que se defender”, escreveu.

Diplomacias estrangeiras sob ataque

A captura de Goma pelo M23 acirrou ainda mais as tensões na região, levando a protestos contra as embaixadas de Ruanda, Uganda, França, Bélgica e Estados Unidos. No dia 28 de janeiro, manifestantes atacaram edifícios diplomáticos, incendiaram pneus e lançaram pedras em atos de revolta contra a escalada do conflito.

A Embaixada do Brasil em Kinshasa foi um dos alvos. Manifestantes removeram e levaram embora a bandeira brasileira do prédio, embora o encarregado de negócios e os funcionários da missão não tenham sido atingidos no incidente.

O governo brasileiro expressou “grave preocupação” com os ataques e ressaltou a inviolabilidade das missões diplomáticas, conforme previsto no direito internacional. O Itamaraty afirmou ainda que confia que “o governo congolês envidará todos os esforços para controlar a situação”.

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