Conselho de Segurança debate ‘pesadelo de violência’ com conflito no Sudão

Secretário-geral da ONU alertou que 25 milhões de pessoas estão precisando de assistência humanitária

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A escalada da violência no Sudão que já dura mais de um ano e meio é o tema de uma reunião no Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira (28).

O secretário-geral classificou os combates entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF), que formam o Exército do Sudão, e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) como brutais.

António Guterres lembrou ao Conselho que quase 25 milhões de pessoas precisam de ajuda humanitária. Milhares de civis foram mortos e um sem-número de sudaneses estão sendo vítimas de atrocidades como estupros e outros crimes de violência sexual. Há relatos de assassinatos em massa no estado de al- Jazira, no leste do país africano.

Desde que os conflitos começaram em abril de 2023, mais de 11 milhões de sudaneses fugiram de suas casas. Deste total, 3 milhões cruzaram as fronteiras com nações vizinhas. É a maior crise de deslocamentos do mundo. Em Darfur do Norte, 750 mil pessoas estão lutando contra insegurança alimentar.

Violência étnica, atrocidades e risco de instabilidade regional

Além disso, o conflito criou crises de saúde com casos de cólera, malária, dengue, sarampo, e rubéola ameaçando a população e principalmente as crianças sudanesas. Fortes chuvas e enchentes afetaram 600 mil pessoas este verão no Sudão. Um outro problema grave é a violência étnica principalmente em El Fasher.

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António Guterres, secretário-geral da ONU (Foto: UN Photo)

A ONU pediu, várias vezes, que ambas as partes se sentem à mesa de negociações, mas sem sucesso. Ao contrário, as operações militares estão sendo escaladas pelas partes do conflito.

António Guterres também alertou sobre a participação do que ele chamou de “poderes de fora” que estão alimentando os combates dentro do Sudão.

Segundo ele, a situação pode levar à instabilidade regional do Sahel ao Chifre da África e até ao Mar Vermelho.

Proteção de civis e apoio de organizações regionais

A resolução 2736, adotada pelo Conselho de Segurança, no início deste ano, enviou um sinal forte sobre a urgência de paz no Sudão. O texto pede ao líder da ONU que faça recomendações para proteger os civis.

Guterres disse que ambos os lados têm de cessar a violência através de pausas humanitárias ou cessar-fogo temporários que levem ao diálogo para a paz duradoura.

Ele lembrou que seu enviado especial Ramtane Lamamra está trabalhando 24 horas sobre o tema para implementar os termos da Declaração de Jeddah. Ele também apoia as mediações de parceiros regionais como a União Africana e a Liga Árabe, entre outros.

O chefe da ONU ressaltou a necessidade de proteção de civis todo o tempo em linha com os direitos humanos e a lei humanitária internacional. Ele se mostrou horrorizado com ataques de ambos os lados do conflito a civis em El Fasher e em Cartum, capital do Sudão.

Apelo de US$ 2,7 bilhões foi coberto em 56%

Integrantes da sociedade civil e jornalistas também estão sendo alvejados.

Para Guterres, não existem condições para o envio de forças de paz da ONU ao país africano nesse momento.

Por último, o secretário-geral pede o livre fluxo de ajuda humanitária. Cerca de 12 milhões de pessoas receberam auxílio entre janeiro e setembro deste ano.

Mas ainda há muito a fazer para atender a todos.

Algumas áreas permanecem completamente isoladas.

Guterres disse que é preciso financiamento flexível. Ele solicitou aos doadores que enviem fundos adicionais ao apelo humanitário de US$ 2,7 bilhões que foi respondido em 56%.

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