Moradores de favelas e assentamentos irregulares na África correm sérios riscos diante da pandemia do novo coronavírus. Com ruas apertadas e muitas pessoas morando em uma mesma casa, a tendência é que o vírus se espalhe rapidamente.
O alerta foi feito na última sexta (24) pelo diretor-executivo da UN-Habitat (Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos), Maimunah Mohd Sahrif. Na África, a estimativa é de metade das pessoas vivam em assentamentos.
De acordo com Sahrif, as áreas mais povoadas da África estão em perigo também por condições de saúde como desnutrição, doenças respiratórias crônicas, tuberculose e AIDS. A dependência da maioria das famílias da economia informal e de renda diária para colocar comida na mesa também são problemas sérios na região.
“Quarentenas, toques de recolher obrigatórios, restrições no transporte e no funcionamento do comércio significam que há poucas oportunidades [econômicas] disponíveis”, afirma o diretor-executivo da UN-Habitat.
Violência de todos os tipos, como a doméstica, também trazem impactos graves do novo coronavírus para regiões pobres do continente africano.
“A pandemia tem mostrado as múltiplas desigualdades, formas de exclusão e privações, causadas por décadas de negligência e falta de investimento em planejamento, serviços básicos e sociais, e instalações de saúde”, aponta Sahrif.

Recursos auxiliares
A ONU lançou um programa de apoio financeiro de US$ 72 milhões para favelas e assentamentos em todo o mundo. Na África, 20 países serão beneficiados, como RD Congo, Etiópia, Sudão e África do Sul.
A maior parte dos recursos será destinada a medidas de acesso à água e saneamento, campanhas de conscientização e abrigos temporários, para evitar que as pessoas fiquem na rua.
Para que o programa assista quem está em maior vulnerabilidade, serão realizadas pesquisas e mapeamentos e análise desses dados em parceria com parceiros locais.
De acordo com as Nações Unidas, mais de 1 bilhão de pessoas vivem em favelas e assentamentos irregulares. Os recursos serão destinados ainda a 11 estados árabes, 17 países da Ásia-Pacífico, e 16 nações da América Latina e Caribe.