Covid-19 deve dobrar quantidade de pessoas atingidas pela fome, estima ONU

Relatório aponta que 265 milhões de pessoas podem enfrentar insegurança alimentar neste ano

O número de pessoas atingidas pela fome em todo mundo pode dobrar dos 135 milhões registrados no ano passado para 265 milhões, em decorrência da pandemia do novo coronavírus. O alerta integra relatório do PMA (Programa Mundial de Alimentos) divulgado nesta terça (21).

“O coronavírus é potencialmente catastrófico para as pessoas que já estão ameaçadas. É um golpe para as milhões de pessoas que só conseguem comer se estiverem ganhando um salário”, aponta Arif Husain, economista-chefe do Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas.

Sem levar em consideração os impactos causados pela pandemia do Covid-19, o diretor-executivo do programa da ONU David Beasley afirma que 300 mil pessoas podem morrer de fome todos os dias em um período de três meses.

Diante dos resultados, Beasley pediu uma ação global de assistência a população mais vulnerável. “Se não nos prepararmos e agirmos agora — para garantir o acesso [ao alimento], evitar déficits de financiamento e interrupções no comércio — podemos estar enfrentando fome de proporções bíblicas em poucos meses”, afirma.

Covid-19 pode aumentar em 130 milhões número de pessoas atingidas pela fome (Foto: Georgina Jane Smith/UN Photo)

Outros resultados

O relatório traz ainda outros dados sobre a fome, coletados ao longo do ano passado. Grande parte dos casos registrados pela pesquisa está na África, onde 73 milhões de pessoas sofrem para se alimentar. O Oriente Médio aparece em segundo lugar, com 43 milhões de pessoas, seguido pela América Latina, com 18,5 milhões.

A maioria das pessoas que enfrentam a insegurança alimentar está em países afetados por conflitos (77 milhões), por mudanças climáticas (34 milhões), e por crises econômicas (24 milhões).

Os dez países que enfrentaram a pior crise alimentar em 2019 são Iêmen, Congo, Afeganistão, Venezuela, Etiópia, Sudão do Sul, Síria, Sudão, Nigéria e Haiti.

Esses países representam 66% da população mundial que sofre com problemas de alimentação. Segundo o relatório, 61% da população do Sudão do Sul, por exemplo, sofreu de insegurança alimentar no ano passado.

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