Governo diz que pretende restaurar em breve o acesso ao Twitter na Nigéria

Informação foi divulgada pelo ministro da Informação Lai Mohammed, embora sem especificar um prazo para isso

A Nigéria pretende encerrar em breve a proibição de acesso ao Twitter no país. A informação foi divulgada pelo ministro da Informação Lai Mohammed, que promete uma “solução amigável”, embora sem especificar um prazo para isso, segundo a agência Associated Press.

Sarah Hart, porta-voz do Twitter, disse que houve uma reunião entre a empresa e o governo para tratar do assunto. “Nosso objetivo é traçar um caminho para a restauração do Twitter para todos na Nigéria. Estamos ansiosos para continuar as discussões com o governo nigeriano e ver o serviço restaurado muito em breve”.

A ordem de suspender todas as atividades do Twitter foi feita no início de junho pelo presidente Muhammadu Buhari, que acusou a plataforma de fazer “uso persistente de atividades capazes de minar a existência corporativa da Nigéria”.

Poucos dias antes, a big tech havia excluído um tuíte de Buhari por violação às regras da comunidade. A proibição tem relação com os planos do governo para regulamentar as mídias sociais no país. Um Conselho Nacional de Informação (NCI) foi imposto ainda em 2017 para este fim.

Proibição do Twitter na Nigéria tende a afastar investidores, dizem especialistas
Jovem acessa redes sociais em Zaria, Nigéria, novembro de 2018 (Foto: Divulgação/Unsplash/ Muhammadtaha Ibrahim Ma’aji)

Críticas globais

A decisão gerou críticas da população nigeriana e de governos e organizações estrangeiros. Os EUA disseram que a proibição “não tem lugar em uma democracia”, e a Anistia Internacional disse que é “inconsistente e incompatível com as obrigações internacionais da Nigéria”.

Enquanto isso, usuários nigerianos buscaram formas de voltar a acessar a plataforma. Uma possibilidade tem sido o uso de VPNs, uma rede virtual privada que não monitora endereços de IPs. Em resposta, o gabinete do procurador-geral nigeriano ordenou que sejam judicialmente processados todos os cidadãos que tentarem contornar a proibição.

Repressão crescente

Em 2019, a Nigéria determinou que serviços de internet, como WhatsApp, Zoom, Netflix e Skype, teriam que obter licenças para operar no país. “Claramente, a proibição é uma tentativa de regulamentação”, disse Joachim MacEbong, analista da empresa de análise de risco político SBM Intelligence. “Estão mostrando como estão preparados para reprimir a liberdade democrática”.

Articulador do golpe da Nigéria em 1983, Buhari voltou ao poder em 2015, quando foi eleito presidente. À época, usou as redes sociais – em especial o Twitter – como parte da estratégia para ser retratado como um “democrata convertido”.

A diluição da imagem não demorou. Com Buhari, a Nigéria passou a viver sob leis que permitem ao governo prender qualquer jornalista ou civil acusado de “embaraçar” o presidente. Vários jornalistas foram presos ou acusados de traição, enquanto o país caiu para o 120º lugar entre os 180 países do Índice Mundial de Liberdade de Imprensa.

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