O Sudão enfrenta a maior crise humanitária registrada no mundo, segundo o relatório anual da ONG Comitê Internacional de Resgate (IRC, na sigla em inglês). A guerra entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças de Suporte Rápido (RSF) deixou milhões de civis desamparados.
Violações de direitos humanos, como violência sexual e recrutamento de crianças, são amplamente reportadas, enquanto ataques a serviços de saúde e infraestrutura humanitária agravam a situação. O impacto da guerra é profundo: 14,6 milhões de sudaneses estão deslocados internamente, enquanto 750 mil enfrentaram fome extrema em 2024, com mortes diárias por inanição.
A fome ameaça se expandir ainda mais em 2025, com áreas específicas já classificadas como em estado de fome. O sistema de saúde está colapsando, incapaz de prevenir ou tratar doenças evitáveis como cólera, cujos surtos devem aumentar.
O relatório afirma que a crise no Sudão é uma “das mais brutais e negligenciadas da história recente”. Já Altuma, uma mãe deslocada de Cartum, afirma que sobreviver é um desafio diário: “Fugimos para salvar nossas vidas, mas aqui não temos nem o básico para continuar”.
Sem avanços diplomáticos significativos, a violência deve continuar em 2025, dificultando a entrega de ajuda humanitária. O IRC alerta que as condições no Sudão representam uma ameaça à estabilidade regional. Apesar dos esforços, as agências humanitárias enfrentam ataques constantes, dificultando o alcance a milhões de necessitados.
Segundo e terceiro colocados
Mianmar ocupa pela primeira vez o top três da lista, com mais de três milhões de pessoas deslocadas desde o aumento da violência em 2021. O colapso de um cessar-fogo recente intensificou os conflitos entre grupos armados não estatais e o governo militar, enquanto ciclones e inundações devastam comunidades já fragilizadas.
A capacidade de resposta humanitária está comprometida por falta de financiamento e obstáculos burocráticos, com apenas uma pequena parte das 19,9 milhões de pessoas necessitadas de ajuda recebendo suporte adequado. Além disso, doenças como cólera ameaçam sobrecarregar um sistema de saúde enfraquecido por ataques e anos de guerra.
Já a segunda posição fica com Gaza, devastada pelo conflito entre Hamas e Israel iniciado em outubro do ano passado. O relatório afirma que “não há lugar seguro” no território, onde mais de uma em cada 50 pessoas foi morta. “Civis na Cisjordânia também enfrentaram desafios recordes devido às operações militares israelenses e à violência dos colonos em 2024”, conclui o documento.